sexta-feira, 16 de março de 2018

TCI: TRANSCOMUNICAÇÃO INSTRUMENTAL


O termo, transcomunicação foi criado nos anos 80, na Alemanha, pelo físico e estudioso Ernst Senkowski e significa comunicação com o mundo extra físico. Segundo os dicionários modernos, quer dizer: comunicação com a verdade eterna ou comunicação transcendental.

Várias celebridades do mundo científico tentaram a TCI, dentre eles figuram Thomas Alva Edison, inventor da lâmpada e do fonógrafo, Gugliemo Marconi, precursor do rádio, Nikola Tesla, precursor do transformador e criador do motor de corrente contínua, e, no Brasil, o escritor Monteiro Lobato.

Oficialmente, o Brasil é pioneiro nestas pesquisas com o português naturalizado brasileiro Augusto de Oliveira Cambraia, inventor das fibras do tecido cambraia. Dentre as suas 16 patentes requeridas, está a do Telégrafo Vocativo, que deu entrada em 1909, com a finalidade de comunicação com os espíritos. E ainda, o Brasil é considerado o país mais avançado sobre os estudos referentes à TCI.

TCI (Transcomunicação Instrumental) é um processo em que trechos de voz ou vozes são embutidos na gravação em fita magnética através de um processo que ainda não é bem compreendido. A voz embutida do “fantasma” pode ser ouvida quando a fita é tocada num gravador de fita comum. Segundo os transcomunicadores, ela pode ser utilizada como prova científica de que realmente a morte não existe. As técnicas evoluíram muito desde o início dos experimentos.

Segundo Sonia Rinaldi, fundadora da Ação Nacional de Transcomunicadores – ANT - e uma das grandes pesquisadoras do assunto no Brasil, o país tem hoje os melhores resultados do mundo. Sonia passou a se interessar pelo assunto em 1988, quando freqüentava o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas - IBPP - dirigido pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade. Foi ele quem sugeriu que iniciasse as gravações, e como naquela época não havia qualquer tipo de orientação, resolveram então seguir a intuição. Os resultados foram positivos, mas foram cerca de 16 anos para alcançar uma evolução notável, que começou com um simples gravador e evoluiu para os telefonemas para o "outro lado", com sincronia de imagens.

Fonte:

12.2.2 - Transcomunicação Instrumental: Vozes dos Mortos?

Por: James E. Alcock
Friedrich Jürgenson (1903-1987) que o estudo da TCI realmente se inicia. Jürgenson era em alguns aspectos um homem da Renascença – arqueólogo, filósofo, lingüista, um pintor que foi comissionado pelo Papa Pio XII, cantor de ópera, e produtor de documentários cinematográficos. O interesse de Jürgenson em Transcomunicação Instrumental aparentemente começou quando, após ter gravado gorjeios de pássaros num gravador de fita, ele podia ouvir vozes humanas nas fitas, mesmo que não houvesse ninguém nas proximidades.

Este evento surpreendente naturalmente despertou seu interesse, e ele voltou sua atenção para realizar gravações do nada – ou seja, gravações feitas num lugar tranqüilo sem ninguém por perto. Ele continuou a detectar vozes nessas fitas, e seus estudos levaram à publicação em 1964 do livro Rosterna fran Rymden (“Vozes do espaço”), traduzido para o português com o título de “Telefone para o Além”.

Subseqüentemente ele reconheceu algumas das vozes apanhadas no seu gravador de fita, incluindo a da sua mãe, que o chamava pelo seu apelido carinhoso. Contudo, sua mãe já era falecida e lhe parecia natural presumir que ela estava se comunicando do além-túmulo. Assim, ele chegou à conclusão de que todas as vozes que ele havia gravado eram vozes de pessoas mortas. Em 1967 publicou Sprechfunk mit Verstorbenen (“Rádio-link com os mortos”).

O Dr. Konstantin Raudive (1906-1974), um estudioso de Carl Jung, era um psicólogo da Letônia que lecionava na Universidade de Uppsala na Suécia. Ele esteve absorvido em interesses parapsicológicos durante toda a sua vida, e especialmente com a possibilidade de vida após a morte, e se manteve em contato íntimo com os maiores pesquisadores psíquicos Britânicos.

Em 1964 Raudive leu o livro de Jürgenson, "Telefone para o Além", e ficou tão impressionado que arranjou um encontro com Jürgenson em 1965. Ele então trabalhou com Jürgenson para realizar algumas gravações de TCI, mas seus primeiros esforços deram pouco resultado, se bem que eles acreditavam poder ouvir vozes muito fracas e abafadas.

Contudo, certa noite, quando ouvia uma gravação, ele escutou claramente  muitas vozes e quando reproduzia a fita repetidas vezes começou a entendê-las todas – algumas em alemão, outras em letão, outras em francês. A última voz na fita – uma voz femininina – dizia “Va dormir, Margarete” (“Vá dormir, Margarete”).

Raudive escreveu posteriormente (em seu livro Breakthrough): “Estas palavras me causaram uma impressão profunda, pois Margarete Petrautzki tinha morrido recentemente, e a sua doença e morte tinham me afetado muito.” Atônito com tudo isso, ele começou então a pesquisar tais vozes por conta própria, e passou a maior parte dos seus últimos dez anos de vida explorando fenômenos de voz eletrônica. Com a ajuda de diversos especialistas em eletrônica, ele gravou mais de 100.000 fitas de áudio, a maioria das quais foram realizadas sob o que ele descreveu como “condições estritas de laboratório”. Às vezes ele colaborava com Hans Bender, um parapsicólogo alemão muito conhecido. Mais de 400 pessoas foram envolvidas em sua pesquisa, e todas aparentemente ouviram as vozes. Isto culminou com a publicação em 1971 do seu livro Breakthrough, anteriormente mencionado. Seu impacto foi tal que estes fenômenos são agora comumente conhecidos simplesmente como “vozes Raudive.”

Raudive desenvolveu diferentes abordagens para gravação de TCI, e ele se referia a:
 

Vozes de microfone: deixa-se simplesmente o gravador de fita rodando, sem ninguém falando; ele dizia que podia-se mesmo desconectar o microfone.

Vozes de rádio: grava-se o ruído branco (de fundo) de um rádio que não está sintonizado em nenhuma estação.

Vozes de diodo: grava-se a partir do que é essencialmente um receptor de cristal (diodo) não sintonizado em qualquer estação.

Raudive delineou várias características das vozes (conforme apresentadas em Breakthrough):

“As entidades que emitem as vozes falam muito rapidamente, numa mistura de línguas, às vezes com cinco ou seis línguas numa única sentença.”

“Elas falam num ritmo definido, que parecer ser-lhes forçado.”

“O modo rítmico impõe um estilo curto, telegráfico, às sentenças ou frases.”
Provavelmente por causa disso, “... as regras gramaticais são freqüentemente abandonadas e abundam os neologismos.”
É claro que, para o cético, estas características são o que se pode esperar se na verdade as “vozes” são simplesmente interpretações errôneas de ruído “branco”, aleatório.


A TCI na atualidade:

Os parapsicólogos sérios da atualidade praticamente não demonstram nenhum interesse em TCI, e trabalhos modernos na literatura parapsicológica não acham qualquer evidência de algo paranormal nessas gravações. Isso não desanima os fiéis, é claro. Dizem que há mais de 50.000 sites na Internet devotados à TCI. Aqui vai um exemplo (traduzido) da Internet:

Em resumo, transcomunicação instrumental (TCI) é o processo de capturar mensagens do mundo dos espíritos, incluindo nossos entes queridos no Céu, usando um gravador de fita comum. Sim, alguém da sua família ou um amigo íntimo seu, falecido, podem gravar ou imprimir suas vozes na fita. A finalidade deste site não é explicar a TCI em detalhes, mas por favor sinta-se à vontade para visitar os links de aprendizado dados a seguir para obter maiores informações. Nosso site foi planejado para ajudar você, um iniciante, a obter sucesso com TCI.”  (www.paranormalnetwork.com)

“E agora afirmam que não é nem mesmo preciso ficar calado enquanto se faz as gravações – freqüentemente as vozes aparecem no fundo enquanto se está gravando uma conversação.”Considere estes exemplos de (www.paranormalnetwork.com):

Não há limite para os esforços que as pessoas farão para achar “vozes.” Por exemplo, afirmam que:

Algumas vozes de espíritos ou entidades estão quase no nível do ruído de fundo; outras podem ser claramente ouvidas. Se a fala é difícil de entender, lembre-se que o espírito que fala pode estar falando numa língua ou dialeto que não é de uso comum hoje em dia. A voz pode também estar invertida, você precisaria de um computador para revertê-la e então conseguir ouvi-la.” (www.blueskies.org)

Um outro exemplo do entusiasmo e criatividade desenfreados associados com descobrir vozes está na American Association of Electronic Voice Phenomena. Seu website informa-nos que:

A associação inclui pessoas que gravam vozes paranormais, imagens e informação de amigos e entes queridos do além através de gravadores de fita, telefones, equipamentos de fax, televisão, computadores e gravadores de vídeo.”

A TCI tem sido abordada em publicações técnicas tais como “Popular Mechanics" e "Wireless World." Foi recentemente mostrada num filme chamado “O Sexto Sentido”. Sarah Estep, uma das mais famosas gravadoras de TCI do mundo, tem comparecido a canais de TV a cabo tais como Discovery e Sci-Fi com suas numerosas gravações de TCI. O porquê da TCI continuar desconhecida pelo grande público, continua a nos causar espanto. A TCI pode proporcionar uma imensa sensação de conforto aos desolados pela perda de parentes, e fornecer provas documentadas aos investigadores do paranormal.”

E se surfarmos a web, cedo ou tarde achamos sites que oferecem à venda aparelhos que ajudam a obter gravações melhores!


Possíveis explicações:

Bem, se as vozes não são espíritos, são o quê?

Modulação cruzada: Este é um fenômeno comum; eu tomei conhecimento dele pela primeira vez na década de 1960 quando o meu gravador de fita claramente captou uma estação de rádio local, que podia ser ouvida entre trechos das gravações. Mas Raudive descartou esta possibilidade, dizendo que não pode ser rádio já que nunca se escuta música ou outros elementos de transmissão radiofônica.


Apofenia: Esta se refere a um fenômeno perceptual comum onde percebemos espontaneamente conexões e encontramos significado em coisas que não possuem relação entre si. Em outras palavras, isso envolve ver ou ouvir padrões onde na realidade nenhum existe. Um exemplo visual são os testes de borrões de tinta do tipo Rorschach.

Nós podemos ser os melhores detectores de padrões que existem, mas nem todos os padrões que achamos têm qualquer significado objetivo. Contudo, uma vez que pensamos ter detectado um padrão, é difícil ignorá-lo, e geralmente o tomamos como significante. Um exemplo comum de apofenia ocorre quando estamos tomando banho de chuveiro e erroneamente pensamos ter ouvido tocar a campainha da porta ou do telefone. O ruído branco produzido pelo chuveiro contém um largo espectro de sons, incluindo aqueles que caracterizam toques de campainha. O ouvido capta certos sons do espectro, e nós “detectamos” um padrão que corresponde grosso modo a uma campainha.

A apofenia é praticamente sinônimo do que tem sido chamado de pareidolia, uma ilusão envolvendo erro de percepção de um estímulo externo; um estímulo obscuro é visto como algo claro e distinto. Exemplos incluem casos tais como quando dezenas de pessoas no Novo México viram a face de Jesus numa tortilha em 1978. Esta percepção, ou percepção errônea, não envolve esforço consciente ou algum estado mental particular, e a ilusão não se desvanece mesmo quando se presta maior atenção ao estímulo porque ele é tão ambíguo que não tem nenhum significado objetivo.

(Veja diversos exemplos em http://thefolklorist.com/ )

Enquanto se possa aceitar a apofenia como uma explicação para vozes mal distinguíveis da estática, poderia ela explicar as “vozes claras” dos exemplos acima (como o caso da palavra “Pat” na fita)? Em primeiro lugar, é evidente que as vozes estranhas, se realmente estão lá, poderiam ser o resultado de interrupções do ruído de fundo, propositais ou não, feitas por pessoas reais – as gravações não foram feitas sob qualquer tipo de condições controladas.

Criações Mentais: Fascinante verificar como é fácil que nossos cérebros cheguem a interpretar certos padrões de ruído como palavras, desde que saibamos que palavras devem ser. A percepção é um processo muito complexo, e quando os nossos cérebros tentam achar padrões são guiados em parte pelo que esperamos ouvir. Se você está tentando ouvir seu amigo numa conversa em sala barulhenta, seu cérebro automaticamente tira pequenas amostras de som e compara-as com algumas palavras correspondentes possíveis, e guiados pelo contexto, podemos muitas vezes “ouvir” mais claramente do que poderíamos esperar dos padrões de som que chegam aos nossos ouvidos. Na verdade, é relativamente fácil demonstrar num laboratório de psicologia que as pessoas podem conseguir ouvir “claramente” mesmo vozes muito abafadas, desde que tenham na sua frente uma versão impressa que lhes diga que palavras estão sendo faladas. O cérebro junta a dica visual e o sinal auditivo, e nós realmente “escutamos” o que estamos sendo informados está sendo dito, mesmo que sem aquela informação não poderíamos discernir nada. Indo um pouco além, podemos demonstrar que as pessoas ouvem “claramente” vozes e palavras não só no contexto de vozes abafadas, mas num padrão de ruído branco, um padrão no qual não existem nem vozes nem palavras de espécie alguma.

FONTE:
Parte do texto: Tradução autorizada do artigo de James E. Alcock
Electronic Voice Phenomena: Voices of the Dead?
Copyright © Skeptical Inquirer / CSICOP

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