sexta-feira, 16 de março de 2018

Mediunidade na Bíblia:



Sinônimos:
Os médiuns, aqueles que tem o dom da mediunidade, foram chamados das mais diversas formas durante o correr da história:
Pítons, pitonisas, siblilas, profetas, videntes,  sacerdotes, oráculos, magos, bruxas, hierofantes, Rishis, feiticeiros, curandeiros, adivinhos, necromantes, etc.

Importância na História:
Eram consultados para as mais tolas decisões e muitas vezes viviam profissionalmente desse dom. Foram conselheiros de Reis e dirigentes de grupos religiosos poderosos.

Na Idade Média, muitos médiuns foram perseguidos, torturados,  queimados vivos nas fogueiras da inquisição sob a acusação de bruxaria, o exemplo mais conhecido é da guerreira francesa Joana D’arc.

Mediunidade na Bíblia:
É interessante observarmos que na própria história bíblica, história do povo hebreu, está documentada a mudança do substantivo que era usado para designar o indivíduo portador do dom da mediunidade. Inicialmente eram conhecidos como videntes. Mais tarde, aqueles que permitiam o contato do mundo físico com o mundo espiritual, foram conhecidos como profetas.


Antigamente em Israel,todos que iam consultar Iahvéh assim diziam:Vinde vamos ter com o vidente (roêh); por que aquele que hoje se chama profeta (navi), se chamava outrora vidente(roêh).”“.
I Samuel 9,9

O termo profeta é derivado do grego prophétes que significa alguém que fala diante dos outros, no idioma hebraico o termo têm um significado mais amplo: aquele que anuncia.

Em inúmeras passagens Bíblicas os profetas dialogam com anjos, ou os vêem. Anjo no idioma hebraico tem o sentido de mensageiro. Então vemos que os profetas viam ou ouviam os mensageiros de Deus.

Isso, em linguagem contemporânea traduz-se por: médiuns que vêem ou ouvem Espíritos. Espíritos esses que, muitas vezes, são realmente mensageiros da Luz Divina, outras vezes não. São responsáveis pela transmissão, para o mundo físico, dos ensinamentos Divinos necessários à redenção da alma humana.

Na Bíblia encontramos documentados vários tipos de mediunidade, citaremos apenas alguns exemplos como ilustração. Mediunidade de audiência, Noé, Gênesis 6,13; mediunidade de clariaudiência, Abrahão, Gênesis 12; mediunidade de vidência e audiência, Agar, Gênesis 16, 7-12; mediunidade e materialização, Abrahão, Gênesis 18,1-3 e Jacob 32, 23-33; mediunidade onírica, Jacob, Gênesis 28,10-19; mediunidade de efeito físico (voz direta), Êxodo 3, 1-22.

Existe uma corrente de pensamento no meio cristão tradicional que defende a tese de que Moisés teria condenado a mediunidade ou os médiuns. Teria ainda condenado a comunicação com os Espíritos. Isso não é o que efetivamente encontramos no texto bíblico.
Moisés saiu e disse ao povo as palavras de Iahweh. Em seguida reuniu setenta anciãos dentre o povo e os colocou ao redor da Tenda. Iahweh desceu na Nuvem.
 Falou-lhe e tomou do Espírito que repousava sobre ele e o colocou nos setenta anciãos.
Quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; porém, nunca mais o fizeram.
Dois homens haviam permanecido no acampamento:
um deles se chamava Eldad e o outro Medad.
O Espírito repousou sobre eles; ainda que não tivessem vindo à Tenda, estavam entre os inscritos.
Puseram-se a profetizar no acampamento.
Um jovem correu e foi anunciar a Moisés:
 “Eis que Eldad e Medad”, disse ele, “estão profetizando no acampamento”. Josué, filho de Nun, que desde a sua infância servia a Moisés, tomou a palavra e disse: “Moisés, meu senhor, proíbe-os!”
 Respondeu-lhe Moisés:
“Estás ciumento por minha causa?
 Oxalá todo o povo de Iahweh fosse profeta, dando-lhe Iahweh o seu Espírito!”
A seguir Moisés voltou ao acampamento e com ele os anciãos de Israel.

Números 11, 24-30


Observem ainda a história bíblica abaixo transcrita:
Samuel tinha morrido.
Todo o Israel participara dos funerais, e o enterraram em Ramá, sua cidade. De outro lado, Saul tinha expulsado do país os necromantes e adivinhos.
Os filisteus se concentraram e acamparam em Sunam. Saul reuniu todo o Israel e acamparam em Gelboé.
Quando viu o acampamento dos filisteus, Saul teve medo e começou a tremer. Consultou a Javé, porém Javé não lhe respondeu, nem por sonhos, nem pela sorte, nem pelos profetas.
Então Saul disse a seus servos: "Procurem uma necromante, para que eu faça uma consulta".
Os servos responderam: "Há uma necromante em Endor".
Saul se disfarçou, vestiu roupa de outro, e à noite, acompanhado de dois homens, foi encontrar-se com a mulher.
- Saul disse a ela: "Quero que você me adivinhe o futuro, evocando os mortos.Faça aparecer a pessoa que eu lhe disser”.
- A mulher, porém, respondeu: "Você sabe o que fez Saul, expulsando do país os necromantes e adivinhos.Por que está armando uma cilada, para eu ser morta?"
- Então Saul jurou por Javé:"Pela vida de Javé, nenhum mal vai lhe acontecer por causa disso".
- A mulher perguntou:"Quem você quer que eu chame?"
- Saul respondeu: "Chame Samuel”.
- Quando a mulher viu Samuel aparecer, deu um grito e falou para Saul: "Por que você me enganou? Você é Saul! "
- O rei a tranqüilizou: "Não tenha medo.O que você está vendo?"
- A mulher respondeu:"Vejo um espírito subindo da terra".
- Saul perguntou: "Qual é a aparência dele?" - A mulher respondeu:"É a de um ancião que sobe, vestido com um manto".
- Então Saul compreendeu que era Samuel, e se prostrou com o rosto por terra. Samuel perguntou a Saul: "Por que você me chamou, perturbando o meu descanso?"
- Saul respondeu: "É que estou em situação desesperadora:os filisteus estão guerreando contra mim.Deus se afastou de mim e não me responde mais, nem pelos profetas, nem por sonhos.Por isso, eu vim chamar você, para que me diga o que devo fazer”.
- Samuel respondeu: "Por que você veio me consultar, se Javé se afastou de você e se tornou seu inimigo? Javé fez com você o que já lhe foi anunciado por mim: tirou de você a realeza e a entregou para Davi. Porque você não obedeceu a Javé e não executou o ardor da ira dele contra Amalec.É por isso que Javé hoje trata você desse modo.E Javé vai entregar aos filisteus tanto você, como seu povo Israel. Amanhã mesmo, você e seus filhos estarão comigo, e o acampamento de Israel também: Javé o entregará nas mãos dos filisteus”.

I Samuel 28,7-17



Alegam os mesmos cristãos tradicionais que o senhor determinou que Saul fosse morto por ter consultado a pitonisa. Não é o que o texto claramente afirma. Neste texto o Espírito de Samuel deixa claro que Saul foi morto por não ter obedecido a ordem divina de executar Amalec.

 Eclesiástico é um dos livros que não foram aceitos pelos reformistas, por isso consta apenas das Bíblias católicas. Neste livro, no capítulo 46, versículo 23,  encontramos a confirmação de que efetivamente Samuel se manifestou naquela oportunidade, como Espírito, vindo das “profundezas da terra”. O texto bíblico vai além disso, ele comprova e ressalta a importância do fato que a predição do Espírito Samuel foi cumprida.

Mesmo Depois de morrer Samuel profetizou,anunciou ao rei o seu fim;Do seio da terra ele elevou a sua voz para profetizar, para apagar a iniqüidade do povo.
Eclesiástico 46,23

Outras traduções assim traduzem o mesmo versículo:

Depois disso, adormeceu e apareceu ao rei, e lhe mostrou seu fim (próximo); levantou a sua voz do seio da terra para profetizar a destruição da impiedade do povo.
Eclesiástico 46,23.


Nesta época os hebreus criam que os espíritos habitavam as profundezas da terra, o sheol, que algumas vezes foi traduzido como inferno, por isso usavam a expressão: fazer subir.

O rigor e a disciplina exigidos de um médium, para que este seja capaz de manter-se em sintonia com as esferas superiores, permanentemente ocupadas com o exercício do bem, foram bem exemplificados pelo Mestre Jesus. Especialmente, no episódio da transfiguração, quando ele recebeu apoio e orientação dos Espíritos de Elias e Moisés. O recolhimento, o respeito e a prece foram os recursos usados pelo mestre para contatar os profetas já desencarnados.
Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro,  os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles:o seu rosto brilhou como o sol,  e as suas roupas ficaram brancas como a luz.
Nisso lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se quiseres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias."
 Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra,  e da nuvem saiu uma voz que dizia:
 "Este é o meu Filho amado, que muito me agrada.Escutem o que ele diz."
- Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados,  e caíram com o rosto por terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse:
"Levantem-se, e não tenham medo. "  - Os discípulos ergueram os olhos,  e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes:
"Não contem a ninguém essa visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos".
Mateus 17,1-9

Outro trecho que é impressionante pela clareza com que se refere á mediunidade é o alerta de João, em sua primeira Epístola, trata-se de uma advertência extremamente importante e atual.

Amados, não creiais a todo Espírito, mas provai se os espíritos são de Deus porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.

João, I Epístola 4,1



Muitos outros exemplos de mediunidade profética e de cura são encontrados tanto no Novo quanto no Velho Testamento. Entre os ensinamentos de cristo encontramos o estímulo para a prática responsável e caridosa da mediunidade.
O livro, “Atos dos Apóstolos” que relata a história do Cristianismo primitivo, têm inúmeras passagens referentes aos fenômenos mediúnicos, a mais clara e espetacular delas relata o dia de Pentecostes.

E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo,as quais pousaram sobre cada um deles.E todos foram cheios do Espírito Santo,  e começaram a falar noutras línguas,  conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
 Atos dos apóstolos 1,3-4.

No capítulo 6 de Atos dos Apóstolos, versículo 8, Estevão é descrito como cheio de fé e poder. E por isso, fazia prodígios diante do povo.
A libertação de Pedro da prisão é organizada por um Anjo do Senhor que nada mais é que um espírito superior materializado. Ele o conduz pelos obstáculos e pelos guardas sem que haja qualquer dificuldade. Chega a libertá-lo das correntes que o prendiam. A clareza deste trecho é emocionante.

E eis que sobreveio o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão; e, tocando a Pedro na ilharga, o despertou, dizendo:Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.
Atos dos Apóstolos12, 7

Como nosso tempo é curto somos obrigados a encerrar esse estudo. A análise de outros trechos das escrituras seria muito engrandecedora, pois reforçaria os exemplos citados neste breve resumo e nos faria admirar ainda mais a sabedoria e as revelações contidas em relatos tão antigos.

Podemos concluir que só não admitem como mediunidade os fenômenos descritos acima, aqueles que se recusam a aceitar que um vocábulo novo pode ter um significado mais preciso para descrição de um fato ou objeto. Esse novo vocábulo, criado por Allan Kardec, descreve perfeitamente o que aconteceu nos tempos bíblicos e o que continua acontecendo.
As revelações não foram suspensas. A misericórdia Divina continua existindo e nos confortando através das mensagens que chegam do além, por intermédio dos profetas modernos, os médiuns.
O conhecimento atual permite que desmistifiquemos o papel desses intermediários e que os vejamos como são realmente. Humanos, falíveis, dotados de um dom que pode ser usado adequadamente ou pode ser desperdiçado no exercício da leviandade. Assim, não corremos o risco de nos iludirmos com falsas mensagens. As mensagens de origem Divina são sempre brandas, úteis e benéficas. A razão é o instrumento a ser usado nessa crítica.
Autora: Giselle Fachetti Machado.

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