sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Exú

Mensageiro dos Orixás, ele é o primogênito do universo no mito da gênesis dos elementos cósmicos. É o resultado da integração água e terra, masculino e feminino, sendo o terceiro elemento. Cultuado entre os Orixás, apenas por seu intermédio é possível adorar as Yabás-Mi (as feiticeiras). 

Traçar e abrir caminhos é uma das suas principais atividades, pois ele circula livremente entre todos os elementos do sistema. É o princípio da comunicação. 

Esta fortemente representado no Opon-Ifá (tábua adivinhatória de Ifá - Deus da Adivinhação) pelos triângulos e losângulos. O sistema oracular funciona graças a ele. Está profundamente associado ao segredo da transformação de materiais em indivíduos diferenciados. Exú é o alter ego de todos os indivíduos. 

É o princípio dinâmico da expansão (evolução), agente de ligação, princípio do nascimento de seres humanos, princípio da reparação (causa/efeito). Exerce o papel de propulsor do desenvolvimento, de mobilizador, de fazer crescer, de ligar, de unir o que está separado, de transformar, de comunicar e de carregar. Todos os Orixás necessitam de suas forças, pois ele está ligado à evolução e ao destino de cada um.

Exú é o primeiro que se serve e se cultua, é o Senhor, o decano de todos os elementos.

Como muitos não conhecem profundamente a religião Iorubá, tiram conclusões apressadas e erradas quando se referem a Exú, tornando-o uma entidade voltada para o mal e apresenta nos círculos menos evoluídos como portadores de defeitos físicos, confundido com os Kiumbas (entidades defeituosas).


Embora conhecido como um escravo, a grande realidade é que Exú também é um Orixá, representando os santos como mensageiro, verdadeiro secretário, o cobrador da lei causa/efeito. Não se pode ir a um Orixá sem antes tratar de Exú. Embora seus toques sejam rápidos (ex. Bravum Adarrum), ele dança com satisfação qualquer toque aos Orixás quando ordenado. Exceto para Oxalufan, com qual ele brigou por desejar seu trono. 

Exú é o detentor de axé e quem, junto com Olodumaré, criou o universo, ambos têm o mesmo poder. 
 

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.

Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.

O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.

Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.

Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.

Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Exu seja de facto um guardião e proteja o seu negócio.

É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores.

Exu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região de origem em África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.



DIA: Segunda-feira.

CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.

SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto.

ELEMENTOS: Terra e fogo.

DOMÍNIOS: Sexo, magia, união, poder e transformação.

SAUDAÇÃO: Laroiê!




QUALIDADES DE EXU


ELEGBARA: - É o mesmo ÈSÙ YANGI, também chamado de IGBÁKETA BARAKETU OBÁ. É o mais velho, a primeira forma a surgir no mundo. É o dono do poder dinâmico do processo da multiplicação dos seres. Está ligado tanto ao ancestral masculino como ao feminino. Carrega o Adoiyran, cabaça que contém a força de se propagar. Esta cabaça vai no assentamento. É companheiro, inseparável, de Ogum, a ponto de serem confundidos. Veste o branco, vermelho e o azul escuro. Come bichos machos e fêmeas. Exú Yangi = pedra vermelha de laterita, primeira protoforma existente – água + terra.



- YGELU: - Associado ao WÁJÌ, que representa o fruto da terra e por extensão o mistério do processo oculto da vida e da multiplicação. Dele é o caracol africano. Veste o azul arroxeado. Às vezes aparece vestido de preto.




- Exú Elebo: - senhor-das-oferendas


- LALU: - ÈSÙ dos caminhos de Oxalá. Não deve beber cachaça nem dendê. Veste-se de branco. Vem, também, para outros Orixás. Tem muitos filhos.


- TIRIRI: - Acompanha Ogum pelas estradas. Usa vermelho ou todas as cores. Sempre nas porteiras e caminhos. Tem grande força.


- ELEBÓ ou ELERU: - É o senhor das oferendas, o portador e o mensageiro. É sempre o primeiro a ser invocado. Veste o preto e o vermelho. É o dono do dendê. É ele que carrega o dendê na peneira.



- ODARA: - É invocado no padê. Providencia a comida e a bebida de todos. É benéfico, não gosta de bebida alcoólica, aprecia mel e vinho, gosta de branco, mas usa vermelho e preto. Ele nos dá a fortuna.



- LONA: - É o Exu das porteiras dos barracões, vigia os caminhos. Traz os clientes e a fartura. Usa vermelho, preto e azul arroxeado.


- OLOBÉ: - Este Exu é o dono da faca. É ele que separa as frações de substâncias para formar outros seres diferentes. É muito semelhante ao Ogum Xoroquê, anda pelas madrugadas, sempre procurando os profanadores de oferendas postas nas encruzilhadas. Sua cor é azul arroxeado. Ele é o Axogum e sacerdote, sacrificador da sociedade das Iyámi Ajé.


- ALAKÉTU: - É o Exu do dinheiro, veste branco, vermelho e azul escuro.


- AKESAN: - É o que fala pelos búzios.


- LARÓYÈ: - É astuto e provoca brigas


- SIGIDI: - Provocador de brigas.


- Esu Agba ou Esu Agbo: - É o nome que mostra sua ancianidade; ele é o mais velho e, por conseqüência, o pai que é retratado no mito em que Orunmilá o persegue através dos nove Orun.

- Esu igba keta: - É o terceiro aspecto mais importante de Esu que está ligado ao número três, a terceira cabaça onde ele é representado pela figura de barro junto aos elementos da criação.

- Esu ikorita meta: - É ligado ao encontro dos caminhos ou a encruzilhada; o encontro de três ruas ( Y ).

- Esu Okoto: - É o representado pelo caracol agulha, mostra a evolução de tudo que existe sobre a terra, e está ligado ao Orixá Ajé Saluga, o antigo Orixá da riqueza dos Yoruba.

- Esu Obasin: - É por este nome que é conhecido e cultuado em Ile Ifé.


- Esu Ojisé ébó: - É ele que observa todos os sacrifícios rituais e recomenda sua aceitação, levando as súplicas a Olodunmarê.


- Esu Enugbarijo: - É o que devolve a todos o sacrifício em forma de benefícios.

- Esu Bara:- É um dos mais importantes aspectos de Exu, pois ele é o Exu do movimento do corpo humano, infundido no corpo pré-humano, ainda no Orun por Obatalá, sendo "assentado" no momento da iniciação, junto com o Ori e o Orixá individual.


- Esu Élébó: - É o carregador de todos os Ébo.


- Esu Odusô ou Olodu: - É ele que tem seu rosto retratado no Opon Ifa, e vigia o Babalawo para que este não minta; é o que vigia os oráculos (Opélé-Ikin-Erindilogun)


- Esu Elepo: - É ele que recebe o sacrifício do azeite de dendê.


- Esu Inã: - É um dos aspectos mais importantes deste Esu primordial, é presidir o Ipade, sendo o dono do fogo. É a Esu Inã que os Babalorisa/Iyalorisa se dirigem no começo do Ipade, uma das mais importantes cerimônias do ritual afro-descendente religioso.


As qualidades de Exú aqui relacionados, dizem respeito ao Orixá Exú do Candomblé, não tendo relação com os Exús da Quimbanda.


 - Agba: O ancestral, epíteto referente à sua antiguidade

 - Agbo: O guardião do sistema divinatório de Orunmilá

 - Ajonan: Tinha o seu culto forte na antiga região Ijexá

 - Akesan: Quando exerce domínio sobre os comércios. Acompanha Oxumarê

 - Alàfìá: O senhor da satisfação pessoal

 - Alaketu: Cultuado na cidade de Ketu onde foi o primeiro senhor. Acompanha Oxóssi

 - Álè: Acompanha Omolú

 - Aríjídì: Acompanha Oxum

 - Asanà: Acompanha Oxum

 - Bárà: O senhor do corpo

 - Elebo: O senhor das oferendas

 - Eledu: Estabelece o seu poder sobre as cinzas, carvão e tudo que for petrificado

- Elegbárà: O senhor do poder mágico

 - Eleru: Transportador dos carregos rituais onde possui total domínio

 - Enugbarijo: Nessa forma Exú passa a falar em nome de todos os Orixás

 - Gogó: É o responsável pela recompensa divina a todos os atos dos seres humanos (e também dos seres espirituais)

- Igbaketa: O terceiro elemento. Faz alusão aos domínios do Orixá e ao sistema divinatório

 - Igbárábò: Acompanha Iemanjá e Xangô

 - Ijedé: Acompanha Logun

 - Íjenà: Acompanha Ewá

 - Ikoto: Faz referência ao elemento Ikoto que é usado nos assentamentos. Esse objeto lembra o movimento que Exú faz quando se move como um furacão.

 - Ina: Quando é invocado na cerimônia do Ipadê, regulamentando o ritual

 - Jelu: Nessa fase ele regula o crescimento dos seres diferenciados

 - Jeresú: Acompanha Obaluaiye

 - L’Okè: Acompanha Obá

 - Lajìkí: Acompanha Ogum e Oyá. Cuida das porteiras

 - Lálú: Acompanha Odé, Ogum e Oxalá

 - Langìrí: Acompanha Osogiyan

 - Lodo: Senhor dos rios, função delicada, dado a conflitos de elementos

 - Loko: Como ele é assexuado nessa fase, tende ao masculino simbolizando virilidade e procriação

 - Lonan: O senhor dos caminhos. Acompanha Oxum, Oyá e Ogum, responsável pela porteira do Ketu

 - Oba Babá Exú: o rei pai de todos os Exús

 - Oba Iangui: O primeiro, que foi dividido em várias partes, segundo seus mitos

 - Odara: Aquele que guia (mostra o caminho, vai à frente). Fase benéfica quando ele não está transitando caoticamente. Senhor da felicidade, ligado a Orixalá

 - Oduso: Quando faz a função de guardião do jogo de búzios

 - Oguiri Oko: Ligado aos caçadores e ao culto de Orunmilá-Ifá

 - Ojise: O mensageiro divino

 - Okòtò: O exú do carocol, o infinito

 - Olobe: Domina a faca e objetos de corte. É comum assenta-lo para
pessoas que possuem posto de Asogun

 - Opin: É o Exu que deve ser evocado sempre que queremos estabelecer um local como sagrado

 - Òrò: Acompanha Odé e Logun. É o responsável pela transmissão do poder através da fala

 - Sìjídì: Acompanha Omolú e Nanã

 - Tirirí: Acompanha Ogum

 - Tòkí: Acompanha Oyá e vários Orixás

 - Tòpá/Eruè: Acompanha Ossanhe

 - Wara: O que controla os relacionamentos interpessoais

- Woro: Vem da cidade do mesmo nome

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

1o. Itan Exú

Um dia, entre rezas africanas dos povos Iorubás, um mensageiro chamado Exú andava de aldeia em aldeia a procura de solução para terríveis problemas que na ocasião afligia a todos. Todos os homens, como também todos os Orixás.

Contam os itans que Exú foi aconselhado a ouvir do povo todas as estórias que falassem dos dramas vividos pelos seres humanos, pelas próprias divindades, assim como também pelos animais e por outros seres que dividem a terra com o homem. Estórias que falassem de aventuras, de sofrimentos, das lutas vencidas e perdidas, das glórias alcançadas, dos insucessos sofridos, das dificuldades na luta pela manutenção da saúde contra os ataques da doença e da morte.  

Todas as narrativas a respeito dos fatos do cotidiano por menos importante que pudessem parecer, tinha que ser devidamente considerados. Exú deveria estar atento também aos relatos sobre as providências tomadas, a oferenda feita aos deuses para se chegar a um final feliz em cada desafio enfrentado e assim fez ele reunindo vários itans, histórias que significa de acordo com o sistema de enumeração dos antigos Iorubás que Exú juntou um número incontrolável de estórias realizando uma pacientíssima missão. 

O Orixá mensageiro tinha diante de si todo o conhecimento necessário para o desvendamento dos mistérios sobre a origem e o governo do mundo dos homens e também da natureza. Sobre o desenrolar do destino dos homens, mulheres e crianças, sobre os caminhos de cada um na luta cotidiana quanto aos infortúnios que a todo momento ameaçam a cada um de nós, ou seja, a pobreza, a perda dos bens materiais, de posições sociais, a derrota em face do adversário traiçoeiro, a infertilidade, a doença e a morte.

2º. Itan



Há muito tempo havia um rei muito malvado que por qualquer motivo condenava seus súditos a pena de norte por decapitação. As injustiças, os crimes por ele praticados eram tantos que Olodum resolveu mandar Exú verificar o que estava se passando com ordem de punir o malvado da maneira que ele bem entendesse. Exú então, disfarçado de alfaiate chegou à cidade onde se estabeleceu com sua nova profissão. O tempo passou até que certo dia um homem pediu a Exú que lhe fizesse um manto e utilizando-se de uma bela peça de tecido negro como a noite. Exú atendeu mais que satisfatoriamente a encomenda de seu freguês. Antes de entregar o manto a seu dono, Exú chamou Ikú, nossa grande senhora morte, e exibindo sua obra lhe fez a seguinte proposta:

“– Gostaria de possuir este manto?” e a morte disse:
“– Claro que sim, infelizmente não possuo dinheiro suficiente para adquiri-lo, se tivesse, sem dúvida o compraria agora mesmo.”
“– Pois este manto poderá ser seu se dentro de sete dias vieres buscar a pessoa que o tiver usando.”, confidenciou então Exú.
“– E assim basta que eu venha buscar dentro se sete dias quem estiver vestido, para que eu possa ser dono deste manto?”
“– Não tenha dúvida.”, respondeu Exú.
“– Dentro de sete dias então virei buscar o manto e quem estiver dentro dele.” Respondeu a morte ansiosa com os olhos brilhante sobre a peça.
E Ikú retornou ao mundo dos mortos, contando os dias que faltavam para que pudesse vestir o seu belo manto. No dia seguinte, o freguês veio buscar a sua encomenda, mostrou-se muito satisfeito com o trabalho do novo alfaiate. Ficou, olhou, provou e disse:

“– Recomendarei os seus serviços a todos os meus amigos, tenho certeza que gostarão, sou muito bem relacionado e posso conseguir uma boa clientela.”, disse o homem agradecido pelo trabalho.
“– Se é verdade que podes me ajudar, gostaria que vestido com esse manto fosse passear nas imediações do palácio real, de forma que o próprio rei pudesse admirar minha obra e dessa forma torna-se meu cliente”, disse Exú.
“– Sim, é claro, irei passear diante do palácio e se perguntarem quem fez este manto darei o seu endereço”, e vestido de boas intenções, lá se foi o homem desfilar diante do palácio real. O rei muito mal, tinha um filho, rapazinho de 16 anos, cheio de vontades, mas de péssimo caráter, ruim como seu próprio pai. O rei jamais negara nenhum pedido ao filho, fazia todas as suas vontades, atendia todos os seus caprichos e aí então, ai daquele que ousasse contrariar o príncipe, logo teria a cabeça separada do próprio corpo. E Exú então, aguardando o fruto da ambição brotar, germinar, amadurecer. E quem viu o homem vestido com o manto feito por Exú não foi o rei, mas sim, o seu filho herdeiro.

“– Pai, pai, quero para mim o manto negro que aquele homem está vestindo.”, pediu o jovem, apontando para a direção do infeliz que passava distraído. Imediatamente o rei mandou prender o homem e inventando uma desculpa qualquer, condenou-o a morte por decapitação, dessa forma, seu filho poderia usar o manto, sem que ninguém reclamasse sua propriedade. E o príncipe então vestiu a roupa que não tirou mais do corpo. No dia da execução, Ikú foi chamado para levar o condenado, o pobre inocente condenado. Esta era a sua missão.  

Na hora marcada, todos vieram ao patíbulo, inclusive o príncipe com o seu manto novo, jamais perdera um espetáculo como aquele e não seria naquele dia que deixaria de exibir a todos sua roupa nova e com certeza Ikú chegando ao local e vendo o manto lembrou-se da promessa de Exú e agindo com extrema presteza pegou o alfanje das mãos do carrasco decepando a cabeça do príncipe e arrancando-a do corpo ainda com vida. O manto negro confeccionado por Exú, ele vestiu imediatamente. O povo que vivia insatisfeito com o tirano, vendo o que se passava pensando tratar-se de uma revolução, invadiram o patíbulo matando também o rei e libertando o prisioneiro que foi por eles mesmo coroado rei. E foi assim que Exú puniu o déspota, eliminando ele e sua descendência para que o novo monarca pudesse reinar com justiça sobre aquele povo até então oprimido e é por isso que até hoje Ikú se veste com o manto totalmente negro, presente de Exú por um pequeno favor prestado.



Ensinamento: Esse itan com certeza revela que o justo pode pagar pelo pecador desde que esse justo esteja copiando os maus costumes, os maus vícios. Esse itan revela “diga-me com quem andas que eu direi quem tu és”. Esse itan também revela que a justiça tarda mais não falha e não tem caminho para que ela chegue. E miticamente falando revela o estreito caminho entre Exú e a morte, por ser o senhor das estradas, o senhor do longe e do perto, o senhor de ontem, do hoje e do amanhã, o senhor da distância inexistente.

3º. Itan:



 Exú o grande senhor que demarca principalmente os territórios utilizados por nós em seus caminhos, ganhou poder sobre a encruzilhada. Exú não tinha riqueza, não tinha fazenda, Exú não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem missão. Exú vagava pelo mundo sem paradeiro, então um dia, Exú passou a ir à casa de Oxalá. Ia à casa de Oxalá todos os dias. Lá, Exú se distraía vendo o bom velhinho fabricando os seres humanos. Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá, mas ali ficavam pouco, 4 dias, 8 dias e nada aprendiam. Traziam oferendas, ciam o velho Orixá, apreciavam sua obra e partiam. Exú ficou na casa de Oxalá 16 anos. Exú prestava muita atenção na modelagem e aprendeu como Oxalá fabricava as mãos, os pés, a boca, os olhos, os pênis dos homens, as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina das mulheres. Exú não perguntava, Exú observava. Exú prestava atenção. Exú aprendeu tudo.

Um dia, Oxalá disse a Exú para ir portar-se na encruzilhada por onde passavam os que vinham a sua casa, para ficar ali e não deixar passar quem não trouxesse uma oferenda. Cada vez havia mais humanos para Oxalá fazer, e Oxalá não queria perder tempo recolhendo os presentes que todos lhe ofereciam. Oxalá nem tinha tempo para as visitas. Exú tinha aprendido tudo e agora podia ajudar Oxalá. Exú coletava os ebós para Oxalá, recebia as oferendas e as entregava. Exú fazia bem o seu trabalho e Oxalá então decidiu compensá-lo e assim quem viesse à casa de Oxalá, teria que pagar também alguma coisa a Exú. E Exú mantinha-se sempre apostos guardando a casa de Oxalá, armado de um ogó, um poderoso porrete, afastando os indesejáveis e punia quem tentasse burlar sua vigilância. Exú trabalhava demais e fez ali a sua casa, ali na encruzilhada, ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa. Exú ficou rico e poderoso. Ninguém pôde mais passar sem pagar alguma coisa a Exú.


Ensinamento: Neste itan, extraímos a existência da obrigatoriedade de ter a sua casa de Exú em toda casa de axé. Primeira plantação, primeira casa a ser feita. Pequena, grande, simples, luxuosa, enfim, dependendo das condições de quem tem esse axé. Mas com certeza, nenhum cliente chega até a uma mesa de jogo, nenhum cliente chega até uma casa de axé, se a casa de Exú não estiver construída, se Exú não estiver recebendo as oferendas, as homenagens devidas por ele merecidas, por estar trazendo as pessoas, encaminhando as pessoas até a casa de axé.

4º. Itan:



E Exú também refez o tabu e refeito o decano dos Orixás. Exú era o mais novo dos Orixás. Exú assim deveria reverências a todos eles sendo sempre o último a ser cumprimentado. Mas, Exú almejava o cargo, almejava grau, almejava a superioridade, desejando ser homenageado pelos mais velhos. Para conseguir seu intento Exú foi consultar o Babalaô. Foi dito a Exú que fizesse sacrifício. Deveria oferecer 3 ecodidés, que são as penas do papagaio vermelho, 3 galos de crista gorda, mais 15 búzios, azeite de dendê, mariwo. Exú fez o ebó e o adivinho disse a ele para tomar um dos ecodidés e usá-lo na cabeça amarrado na testa e que assim não poderia por três meses carregar na cabeça o que quer que fosse. Olodumare a eles atribuíra responsabilidades. Oxú, a grande mãe lua foi buscar os orixás, Todos os Orixás se preparavam para o grande momento, a grande audiência com Olodumare. Todos trataram de preparar suas oferendas, fizeram suas trouxas, seus carregos, para levar tudo para Olodumare. Cada um foi com a trouxa de oferendas na cabeça, só Exú não levava nada porque estava usando ecodidés. Sua cabeça estava descoberta, não tinha gorro, nem coroa nem chapéu, nem carga. Oxú levou os orixás até Olodumare. Quando chegaram ao Orun de Olodumare, todos se prostraram, mas Olodumare não teve que perguntar nada a ninguém, pois tudo o que ele queria saber lia nas mentes dos Orixás, e disse ele então:

“– Aquele que usa o ecodidés foi quem trouxe todos para mim. Todos trouxeram oferendas e ele não trouxe nada, ele respeitou o tabu e não trouxe nada na cabeça, ele está certo, ele acatou o sinal de submissão, doravante será meu mensageiro, pois respeitou o “ó”, tudo o que quiseres de mim, que me seja mandado dizer por intermédio de Exú, e então por isso, por sua missão, que ele seja homenageado antes dos mais velhos, porque ele é aquele que usou o ecodidé e não levou o carrego da cabeça em sinal de respeito e também de submissão.” Assim, o mais jovem dos Orixás, o que era saudado por último, passou a ser o primeiro a receber o cumprimento, a saudação. Os mais novos foi feito os mais velhos. Exú é o mais velho e o decan dos Orixás.


Ensinamento: Esse itan marca a abertura de um axé, de um Xirê, de qualquer orô que vá se fazer para um Orixá. Qualquer orô que vá começar numa casa de santo é preciso com certeza dar caminho a Exú, rodar o padê, levar Exú até a rua, conduzi-lo para que ele possa estar satisfeito e ser o primeiro a ser louvado. Ao abrir o Xirê numa casa de axé, não se faz nada sem consagrar, sem louvar, sem render homenagens ao primeiro e com certeza também, o mais velho, aquele que conseguiu superar os tabus. Com certeza Exú é reverenciado nos dias de hoje, ainda baseado neste itan, baseado na sua vantagem que teve por usar a inteligência.

5º. Itan:



Em outra época, Exú ajudava Olodumare na criação do mundo, bem no princípio, durante a criação do universo. Olodumare reuniu os sábios do Orum para que o ajudassem no surgimento da vida e no nascimento dos povos sobre a face da terra, entretanto, cada um tinha uma ideia diferente para a criação e todos encontravam algum inconveniente nas ideias dos outros, nunca entrando num acordo, assim surgiram muitos obstáculos e problemas para executar a boa obra a que Olodumare se propunha.  


Então, quando sábios e o próprio Olodumare se propunha e já acreditava que era impossível realizar tal tarefa. Exú veio em auxílio de Olodumare e disse que para obter sucesso em tão grandiosa obra era necessário sacrificar 101 pombos como ebó. Com o sangue dos pombos se purificariam das diversas anormalidades que perturbavam a vontade dos bons espíritos, daqueles que queriam uma construção, que queriam uma vida melhor. Ao ouvi-lo, Olodumare estremeceu, porque a vida dos pombos está muito ligada a sua própria vida. Mesmo assim, pouco depois sentenciou; assim seja pelo bem de meus filhos, e pela primeira vez então, sacrificaram-se pombos. 


Exú foi guiando Olodumare por todos os lugares aonde se deveria verter o sangue dos pombos para que tudo fosse purificado e para que seu desejo de criar o mundo assim fosse cumprido. Quando Olodumare realizou tudo o que pretendia convocou Exú e lhe disse:


“– Muito me ajudastes e eu bendigo teus atos. Por toda a eternidade sempre será reconhecido. Exú será louvado sempre e antes do começo de qualquer empreitada, você será homenageado”.


Ensinamento: Nesse itan extrai-se literalmente o uso do ilé nos Boris, o uso do ilé nas obrigações. O ilé que acompanha a cabra, que acompanha o cabrito antes da galinha d’angola. Para louvar, para render homenagens, para limpar, para consagrar, para espalhar sobre o ori. O manto sagrado da criação do mundo, o manto sagrado da criação de uma nova vida, de um novo caminho sobre a cabeça a qual se está trabalhando. 

6º. Itan:



Em outra estória, em outro itan, Exú com certeza come tudo e ganha o privilégio de comer primeiro. Exú era o filho caçula de Iemanjá e Orumilá, irmão de Ogum, Xangô e Oxóssi. Exú comia de tudo. Sua fome era incontrolável. Comeu todos os animais da aldeia em que vivia. Comeu de 4 pés, comeu de penas, comeu de cereais, as frutas, os inhames, as pimentas. Bebeu toda a cerveja, toda aguardente, todo o vinho. Ingeriu todo o azeite de dendê, mastigou todos os obis. Quanto mais comia, mais fome sentia. Primeiro comeu tudo do que mais gostava, depois começou a devorar árvores, pastos e já ameaçava engolir o próprio mar. Furioso Orumilá compreendeu que Exú não pararia e acabaria por comer até o céu. Orumilá pediu a Ogum que detivesse o irmão a todo custo, e para preservar a terra, os seres humanos e os próprios Orixás, Ogum teve que matar o próprio irmão. A morte, entretanto não aplacou a fome de Exú, que mesmo depois de morto podia se sentir sua presença devoradora, sua fome sem tamanho nos pastos, nos mares, nos poucos animis que restaram, todas as colheitas, até os peixes iam sendo consumidos. Os homens não tinham mais o que comer e todos os habitantes da aldeia adoeceram, e de fome, um a um foram morrendo. O sacerdote da aldeia consultou o Oráculo de Ifá e alertou Orumilá quanto ao maior dos riscos. Exú, mesmo em espírito estava pedindo a sua atenção. Era preciso aplacar a fome de Exú. Exú queria comer. Orumilá então obedeceu ao Oráculo e ordenou:
“– Doravante para que Exú não provoque mais catástrofes, sempre que fizeres oferendas aos Orixás, deverão em primeiro lugar, servir comida a ele, para haver paz e tranquilidade entre os homens é preciso dar de comer a Exú em primeiro lugar.”


Ensinamento: Esse itan marca o ebó de tudo o que a boca come que é aplicado nos iniciados, é aplicado em orôs, em clientes, dependendo das circunstâncias, dependendo do estado de vida que ele se encontre, dependendo da pobreza que bate a sua porta. Esse ebó de tudo o que a boca come, é um ebó que rende homenagem a Exú, é aquele ebó tradicional que se coloca de tudo um pouco, desde açúcar, até o pó de café. Os itans, eles falam por nós, eles falam por cada estória, eles justificam cada gesto, justificam cada momento da nossa vida. Com os itans foi cultuado a história do Candomblé, com os itans foi criado momentos especiais que fazem parte do progresso individual de  cada ser humano.

7º. Itan:

Exú provocou a guerra entre famílias. Um rei e sua família deixaram de prestar as homenagens devidas a Exú e este não se deu por vencido. Haveriam de pagar bem caro pela ofensa. Exú procurou a rainha que vivia enciumada porque o rei só se interessava pela esposa mais nova. Disse-lhe que faria então um feitiço para que ela voltasse a ser a preferida do marido. Deu a ela uma faca e disse que cortasse um fio de barba do rei para fazer o tal trabalho. Então Exú, foi a casa do príncipe herdeiro e disse que o pai queria vê-lo naquela noite. Que fosse ao palácio e levasse seus guerreiros. 

Exú foi ao rei e disse-lhe que tomasse cuidado, porque a rainha planejava mata-lo naquela noite. O rei então se recolheu naquela noite, mas ficou acordado esperando e viu então a rainha entrar no quarto e dele se aproximar com a faca na mão, imaginou que ela pretendia mata-lo e engalfinhou-se com a faca na mão numa luta feroz.  O príncipe que chegava ao palácio com seus homens ouviu o barulho, os gritos e correu a câmara real com os soldados e viu o rei com a faca na mão. Faca que tirara da rainha na luta e pensou que o rei ia matar a rainha, a sua mãe. Invadiu o quarto com os soldados. Seguiu-se grande mortalidade. O preço fora pago e alto. Exú cantava, Exú dançava. Exú estava vingado.



Ensinamento: Esse itan revela que nem tudo é o que parece ser. Revela muitas vezes, que um cliente vai a mesa de jogo buscar muitas vezes, uma vingança, vai buscar uma cobrança por ciúme, a cobrança por negligência pessoal e muitas vezes não se dá a ele aquilo que ele foi buscar. Convencer de que na realidade as coisas podem ser diferentes se forem vistas de forma diferente e muitas vezes uma queimação, muitas vezes um feitiço, uma magia, por mais negra que seja possa ser mudada por um ebó de paz, aonde os conflitos são desfeitos, aonde os mal entendidos são esclarecidos, sem envolver tragédia, sem envolver dor, sem envolver lágrimas, evitando que Exú cante, que Exú dance, evitando vinganças de Exú.

8º Itan - Exú


Em outra circunstância, Olofin estava muito doente, muitos foram vê-lo, mas não se encontrou em lugar nenhum quem o curasse. 

Por esse tempo, Exú comia aquilo que encontrava, convivendo com a pobreza. Sabendo da doença então, ele seguiu. Vestiu um gorro branco igual aos que usavam os Babalaôs e foi visitar o velho rei. Levou consigo suas ervas e com o seu poder curou então Olofin. 

Orumilá ficou muito agradecido e perguntou então a Exú qual deveria ser a recompensa. Exú que conhecia a pobreza, que conhecia a fome, que provara do desprezo de todos, pediu-lhe que lhe desse primazia nas oferendas, que lhe desse sempre um pouco de tudo que desse a qualquer um e que o pusesse às estradas das casas de modo a ser sempre o primeiro a ser saudado pelos que chegassem à casa, para que fosse saudado pelos que saíssem a rua. Orumilá estava grato a Exú e deu tudo o que Exú pediu.

Ensinamento: 

Este itan revela dois lados, ele revela a abertura dos padês nas iniciações dos Xirês, dos orôs internos e nos orienta que ao contarmos para os Orixás, que ao começarmos uma oferenda, uma mesa de comidas secas ou até mesmo uma obrigação simples, uma oferenda simples como um amalá para Xangô, como um Omolocum para Oxum, ou um Acarajé para Iansã, é preciso dar também um padê para Exú para manter o itan vivo. Revela ainda nas comunhões que se fazem às mesas de Bori, aonde se retira um pouco de cada comida e oferece para que a cabeça que está tomando esse Bori coma primeiro. Essa parte é um respeito à Exú, é um enaltecimento, é pedindo a Exú que antes dos Orixás, cubra também essa cabeça com respeito e proporcionando e essa pessoa, a esse filho, aquilo que ele pediu relacionado à obrigação.

A falange dos Caveiras e o arquétipo de seus médiuns.



Exu Caveira – Trabalha no desenlace carnal em cemitérios, curando e auxiliando na transição.


Tata Caveira – Trabalha com a parte da cura física e mental em hospícios, asilos, e idosos.


Sete Caveiras – Atua no comando das linhas de Caveira, pouco incorpora.


Maria Caveira – Muito ligada a Exu Caveira trabalha com ele na cura e nos cemitérios.


Rosa Caveira – Ligada a João Caveira trabalha junto com ele em hospitais e na cura.


Exu Caveira da Porteira – Atua na proteção dos terreiros e seus médiuns, é um grande amigo e guardião, além de proteger quando outro caveira atua em locais extremamente pesados.


Quebra-ossos – Exu que cura, desfaz doenças e feitiços muito rapidamente.


Tata Mulambo – Atua junto com Tata Caveira.


Tata Veludo – Um exu que raramente incorpora é muito velho e atua tanto como caveira como Veludo, quase não anda e quando incorpora deixa os médiuns meio que sem firmeza nas pernas.


Pessoas regidas por membros da Linha dos Caveiras são pessoas que não levam desaforo pra casa, falam o que pensam, são intrépidos, não temem ninguém, gostam dos assuntos místicos, não são magricelas, mas mantém o peso nos padrões normais, nunca ficando obesos.


Possuem um defeito que é comum a todo médium dos Caveiras, nunca possuem uma boa dentição, sempre ficam desdentados, usando próteses simples ou completas, curioso isso, mas é o mais comum quando se trata de seus médiuns.


São muito divertidos, trabalhadores, mas adoram dormir, e se fosse possível, trabalhariam somente à noite, pois é o momento em que estão mais ativos. Muitos se tornam militares, seguranças, policiais, ou com profissões relacionadas às armas, bem como alguns em seu lado negativo podem enveredar para o mundo do crime.


Os médiuns dos Caveiras são avessos aos vícios, dificilmente se vê um médium dos Caveiras envolvido com drogas ou entorpecentes, por conta da energia militar que carregam se tornam muito perfeccionistas e íntegros;



Médiuns dos Caveiras são bons chefes de família, bons pais e bons esposos, comilões sem nunca engordar, brincalhões, sentimentais, são o tipo de pessoa que gosta de ajudar os outros, são capazes de tirar a própria roupa no meio da neve e doar ao necessitado. Geralmente nunca se tornam ricos, mas tem o suficiente para viver e se sustentar, gostam de automóveis mas geralmente seus carros ou motos são meio engraçados como eles, aquele tipo de carro que sempre dá problema, seja novo ou usado.


Ser médium de um Caveira de verdade é muito bom, e é sempre bom ter alguém no terreiro que seja do Caveira. É uma grande honra e com certeza sempre poderemos contar com ele para tudo que precisarmos. Para estar diante de um Caveira ou ser médium do mesmo, tem que ser sempre humilde, pois estamos lidando com o símbolo universal da real natureza humana, em que todos nós bem “lá no fundo” de nosso corpo físico SOMOS CAVEIRAS. Seu assentamento deve ser sempre nos fundos do quintal, em casa dedicada apenas aos Exús do Cemitério, onde o Caveira é o Líder maior.

Aonde estava Exú nessa hora?

Esses dia fomos questionados pelo fato de estarem acontecendo muitos homicidios dentro das casas de Candomblé ou Umbanda, no nosso Brasil.


Respondemos assim: Será que não é a insatisfação dos males feitos por sacerdotes e sacerdotizas? Será que os deuses começaram a fechar os olhos pelo desmando? Bem, no nosso endender, se isso acontece em alguma casa , é simplesmente  porque os proprietários, zeladores e zeladoras, dão caminho para a situação! 

Mas como?
Hoje, as  festas de exú são um caminho aonde as Pombo giras, e Exús, mesmo sabendo dos clientes com seus passados ou vidas tortas, os atendem em seus pedidos; e, muitas das vezes a ganância dos zeladores é tão grande, que fecham os olhos para o certo e o errado, e cultivam uma amizade entre laços por conta do dinheiro fácil, e se esquecem que certos tipos de pessoas ilícitas procuram somente o Orixá para bens próprios,  muitas das vezes para se livrarem de desafetos ou até mesmo da polícia/justiça.

O sacerdote ambicioso, se envolve, e muitas das vezes compactua com a situação,  fechando os olhos para a real situação. Até que a mão não seja mais um ponto de união entre o bem e o mal, daí o caminho para uma tragédia já está próximo, e muitas vezes sem volta. 

Daí, quando acontece a tragédia, muitos perguntam: "cadê o Exu da casa que não viu isso?" "Cadê o jogo do sacerdote que não lhe avisou do mal agouro, ou seja, respondendo cade o Exu?" Ele estará aonde ele sempre esteve,  lá nos seus acentamentos, somente observando, porque temos que fazer o correto, pois desde que a gente compactua com coisas erradas, e sabemos que é errado, os Orixás e Exús não tem nenhuma obrigação de nos defender, sendo que eles mesmos procuraram por causa de suas ambiçoes, portanto, se a pessoa passar por um enredo de morte, vai acontecer! Vai ver o que fizeram nesse meio tempo, clientes e sacerdotes: TUDO ERRADO! 

Portanto, devemos sempre procurar a autorização de nossos Inkisses, Orixás , Voduns,  Exús e Pombos Giras. Se a pessoa realmente veio em sua porta pra somar, e se não veio a somar, trate bem, dê conselhos, e ponto final.

Nem Exú, nem Pombo gira, vai lhe segurar, se você vive no erro. Lembre-se também: tudo aquilo que é seu virá nas suas mãos no tempo e hora marcada. Dinheiro fácil encurta a vida, afasta as boas energias trazendo perigo à você, e aos seus clientes/segdores.

Agora, dizer que um jogo não avisa o que vai acontecer, é ilógico. As coisas negativas caem direto em nossa mesa de jogo, as vezes voce se livra, e outras vezes voce esta condenado aquilo, pois foi voce mesmo quem procurou.

Então amigos, cuidado com a facilidade. Orixá, Exú e Pombo Gira não são facilidades. Procurem ser corretos para que sejam sempre bem visto e lembrados.

Kolofé a quem é de Kolofé,
Motumbá a quem é de Motumbá, 
Mukuiu a quem é de Mukuiu,
E a benção a quem é de benção.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Exú bebe água?


É bom lembrar que um Exu, uma pombo gira, um caboclo ou um preto velho podem beber água quando incorporados no médium, ou a água de coco. Ficar cerca de 4 horas incorporados sem se hidratar é prejudicial a saúde do médium.
Muitos acham que Exu não bebe água. Sim Exu bebe água!
Água é elemento de trabalho. Na tronqueira de Exu também tem água. Água é fonte de vida. O médium não morre durante o processo de incorporação. Incorporação não é possessão.
O Uso do fumo e do álcool não são obrigatórios durante o processo de incorporação. Não há necessidade de um “exu” consumir 10 charutos. Assim como não há necessidade de uma “pombo gira” fumar 3 maços de cigarros e tomar 3 garrafas de cachaça. Como não há necessidade de um “preto velho” utilizar 1 garrafa de vinho. Tudo é equilíbrio. Todo excesso esconde uma falta. Seja de disciplina ou conhecimento.
O fumo é utilizado para o descarrego não por vício da entidade. Vale lembrar que ao invés de utilizar o cigarro comum que as pombo gira usam é recomendando utilizar cigarrilhas ou mini charutos. Pois eles são menos agressivos e não contém o excesso de substâncias químicas que o cigarro comum têm. O charuto quando feito de ervas específicas se torna menos agressivo que o tradicional. Importante falar que a entidade, não traga charuto, ou cigarro. Elas puxam e soltam a fumaça. É bom orientar que é totalmente errado a “entidade” jogar fumaça no rosto do consulente.
Também não é ético a “entidade” servir bebida alcoólica a assistência. O álcool é elemento de trabalho. Sobre o elemento álcool, existem entidades que apenas passam cachaça na mão do médium para descarregar, sem ao menos beber um gole do seu marafo. Assim também existem entidades que manipulam água junto com aguardente, tornando um elemento forte de trabalho.
Existem médiuns que não utilizam o fumo ou bebidas alcoólicas por escolha própria que é um direito ou por algum problema de saúde e durante a gira as entidades trabalham da mesma maneira respeitando sempre o seu médium. Pois incorporação é uma troca, uma parceria entre médium e guia.
A entidade trabalha com ou sem fumo ou alguma bebida. Quem sabe trabalhar espiritualmente, a entidade descarrega com um copo de água, com uma vela, com uma erva ou apenas com um passe magnético. Entidades não carregam vícios. Não caiam nessa ah meu malandro só vem se tiver a Brahma dele hum….. Será mesmo o malandro? Meu tranca Ruas só vem se tiver o Whisky dele…. Hum será mesmo o tranca Ruas?
Vamos buscar, aprender. Nossa religião caminha evoluindo, mas alguns médiuns insistem em regredir. Nunca um espírito de luz irá prejudicar seu médium por que ele não tem um charuto ou uma bebida ou por escolher não utilizar esses elementos em conjunto com sua entidade de trabalho.
Exú ou pombo gira, respeitam o médium e suas limitações, assim como o médium deve respeitar suas entidades. A incorporação é uma parceria entre médium e guia. Havendo sempre uma sintonia de lealdade é respeito.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Igba exu

Igba Exu - No candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi.
Igba exu ou assentamento de exu como é chamado comumente pelo "povo de santo", são confeccionados de várias formas, muitos são vistos em panela de ferro, alguidá, panela de barro, muitas vezes modelado com tabatinga, em forma humana completa, ou apenas busto, com olhos e boca feito de búzios. Igba exu também pode ser representado por uma pedra, preferencialmente de laterita ou um montículo de terra, contendo vários elementos do reino animal, vegetal e mineral.
Uma mistura especial é feita pelo babalorixá ou iyalorixá, em conjuto com a Iyamorô, contendo azeite-de-dendê, mel, vinho, diversos tipos de bebidas alcoólicas e sal.
As folhas sagradas de exu são maceradas com enxofre, mercúrio, carvão vegetal, inúmeros tipos de pimentas, não pode faltar (atarê, lelecun, begerecum, aridan e aberê).
Pelo menos sete tipos de metais são colocados: Ouro, prata, cobre, zinco, ferro, níquel e estanho, depois de ser banhado em água sagrada. Juntando-se tudo a terra de sete encruzilhadas e de alguns estabelecimentos comerciais e coloca no respectivo recipiente, ornando com os tridentes e lanças, moedas antigas e atuais, e muitos búzios.
Deve conter no assentamento pelo menos uma quartinha com quatro búzios dentro, para fazer a consulta em momento oportuno.
Nota: Todos assentamentos (igba orixá), devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

MENSAGEM EXU DO LODO

Do mais profundo lamaçal foram emergindo, braços estirados rumo ao céu as mãos abertas, uma força desconhecida os impulsionava, agarrar-se a algo tentavam, a algo que desse o impulso final, para que seus corpos viessem à tona, em segundos que pareceram eternos, conseguiram fazer com que os corpos aparecessem, receosos que de repente as forças faltassem,e novamente para o fundo puxados fossem. Mas não, havia algo diferente, uma certeza indestrutível que conseguiriam, que finalmente a luz veriam, tempo que falar não saberiam, ali no fundo permaneceram, mas de repente um a um foram em si caindo, percebendo a miséria que seus corpos se tornaram, a consciência latejando e aos poucos despertando, lembravam de atos vergonhosos que para lá os arremessaram, não se conheciam entre si, mas a energia de todos era igual, isto tinham em comum, e um via os tristes quadros dos outros, e finalmente um deles gritou: Perdão, perdão, Deus perdão, e as lágrimas rolavam e os outros sentindo também o mesmo, começaram a clamar por perdão, caíam em si, a comoção de um contaminou a todos por tempo que lhes pareceu imenso, clamaram, de repente algo os puxava e finalmente perceberam, que estavam em movimento para cima e em lágrimas foram puxados, socorridos, encaminhados por mãos caridosas para tratamento, mas lá embaixo no fundo do lamaçal, ainda muitos irmãos ficaram, irmãos que ainda não tinham se livrado, dos sentimentos negativos que para lá os levaram.
Acima do lamaçal, muitos os aguardavam, era dia de alegria, aqueles irmãos renasciam para a luz, arrependidos sinceramente, dispostos a recomeçar do zero, dispostos a reparar os males feitos, ansiosos para se tornarem guerreiros do Senhor, em qualquer trabalho, em qualquer lugar e muitos depois de passarem por longo aprendizado e recuperação, pediam para serem socorristas dos irmãos que no fundo do lamaçal estavam, pediam para enviarem energias salutares para que eles pudessem manter a integridade da mente, outros pediam para socorrerem os encarnados que para lá iriam se as atitudes não mudassem e aos poucos cada um encontrou trabalho redentor em auxílio aos irmãos sofredores, que tantos fizeram sofrer quando na terra estavam ou quando perdidos no mundo espiritual baixo se compraziam em torturar encarnados e desencarnados . Esta é a eterna luta, do mal tentando sobrepujar o bem, do bem aguardando uma brecha por pequena que seja para entrar no âmago dos espíritos ignorantes, acorrentados em suas próprias maldades.
Para nós sempre será uma alegria recolhê-los, um dia eu lá estive, no fundo do mais negro lamaçal, tão negro que era esverdeado, mas chegou o meu dia de ser socorrido e junto comigo alguns companheiros de infortúnio,isto foi há alguns séculos e depois de muito trabalho me ofereceram que fosse o guardião dos limites deste astral pantanoso, eu e outros tantos companheiros nos ajuntamos a uma falange já existente, a reforçamos, e cada um aos poucos foi tendo a sua própria falange, mas todos nós somos chamados pelo mesmo nome, não perdemos nossa identidade, noutras esferas nossos verdadeiros nomes utilizamos, mas quando em trabalho não, quando em trabalho somos todos Exu do Lodo.
Para esta atuação existimos, infelizmente muitos médiuns nossos não o sabem, e nos pedem para afundar este ou aquele no lodo, a gente concorda, faz de conta, e trabalha, trabalha, para atuar no coração do pedinte para que o irmão infeliz não caía nas mãos de espíritos mistificadores e médiuns praticantes da magia negra que não hesitam em manipular energias do baixo astral para satisfazer o pedinte a fim de escravizá-lo materialmente e espiritualmente.
Apenas nesta mensagem quis esclarecer nossa atuação, e que reflitam que o nome desta ou daquela falange guarda em si um significado bem diferente daquele que o nome em si na sua linguagem quer dizer.
Ditado pelo Exu do Lodo
psicografado por Luconi em 13-07-2015

CALUNGA PEQUENA (CEMITÉRIO) – O CAMPO SANTO - COMO PROCEDER


(*lembrando que cada casa tem sua doutrinação é sua forma de orientar seus filhos ... é o assunto é extenso...
Neste dia 2 novembro provavelmente você vai a Calunga pequena (Cemitério)muito cuidado com essa visita, essencial que se peça licença aos espíritos e aos guardiões do lugar, assim como se você estivesse entrando na casa dos outros. É respeitoso e necessário que você peça licença quando vai entrar na casa de outras pessoas, certo? Bater na porta, avisar com antecedência. O médium de Umbanda ao entrar na Calunga Pequena, isto é, no Cemitério, deve pedir licença ao pai Omolú, Obaluaê,Iansã das almas e Ogum Megê e, Também aos senhores exus e pombagiras da porteira daquele local para que, ao sair dali, a pessoa possa voltar em paz para seu lar sem levar energias pesadas ou carregar espíritos sofredores, sempre é bom ter uma guia(essa feita exclusivamente para sua proteção para ser usada quando preciso) , e deverá se possível :
– levar consigo um saquinho vermelho com carvão e sal, o qual carregará na mão esquerda;
– ao ir embora, deixar o saquinho na porta do cemitério do lado esquerdo, pedindo ao EXU CAVEIRA a proteção e que todo mal possa ali ficar e que ninguém, a não ser seus mentores, possam dali lhe acompanhar. Fazer sua visita sossegado, sua oração e ao final deverá sair de costas para a entrada do Cemitério, para que nenhum Egun te siga, ao chegar na porta de sua casa, deve tirar sapatos e se tiver quartinha despachar a rua,(ou antes de sair deixar um copo com água pra ser despachado quando chegar) lavar as mãos, e a roupa que usou deve ser lavada juntamente com os sapatos, a guia que você usou deve ser colocada no Amací e você deverá tomar um banho de folhas para limpeza e proteção,Em seguida, perfumar-se com sândalo (essência de Orixalá) ou alfazema (essência de Yori).
esses são os cuidados que devemos tomar nesse dia tão importante, pois sem nossos antepassados não seriamos ninguém
Todo esse cuidado é indispensável quando se vai ao “campo do pó”, mesmo que fiquemos apenas em sua porta, eis que lá se encontram muitos espíritos atrasados, muitos ainda perdidos na vingança, no ódio ou revoltados, em razão do desencarne.
Ressalte-se que o sal destina-se a limpeza astral do campo áurico da pessoa, retirando energias coaguladas e deletérias, que poderiam causar inúmeros incômodos e doenças ao sobrecarregar o funcionamento do organismo, desequilibrando e desarmonizando-o interna e externamente.
E, com a utilização do carvão, todas essas energias negativas, retiradas pelo sal, são absorvidas, retidas.
Portanto, não vá ao Cemitério, a não ser que seja estritamente necessário. Não é correta a atitude de ir, com freqüência, ao Campo do pó. Reze sim aos desencarnados, porém, em casa ou no local em que você pratica o seu credo.
mais importante de tudo é saber respeitar o lugar. É necessário entender o peso espiritual e energético do ambiente e não subestimar ou ser desrespeitoso

O Anfitrião do Campo Santo

Da porta do cemitério ao Cruzeiro das Almas, ando e posso perceber o quão é triste o resultado de uma vida inteira no plano material dominada por vaidade, pelo ego e pela ilusão.
Vejo espíritos que perambulam, choram, urram de dor.
Sofrem pelos mais variados motivos.
Não aceitam a condição em que se encontram, mas, também nada fizeram, enquanto encarnados, para trilhar um caminho melhor.
Sou incompreendido, taxado de demônio, por que sou um aplicador da Lei, um servidor do Divino Pai Omolu. Ele, um Orixá também muito deturpado no plano material pelo mito, que o define como uma Divindade má e implacável, um demônio.
O homem, especialmente através das religiões mentalistas, conseguiu afastar-se de Deus, da grande Verdade que é nosso Pai Criador.
Quem pode me ver ou, ao menos, sentir minha presença, se não estiver esclarecido, dirá que há um espírito maligno por perto.
Maligno é o preconceito que separa a humanidade e, invariavelmente, conduz estas pessoas ao habitat onde impera a ignorância: as trevas humanas.
Mas, infelizmente, preciso dizer aos senhores e senhoras que leem esta mensagem, que as trevas não estão somente sob os vossos pés. Habitam os íntimos de muitos de vós.
Alguém poderá dizer:“Como posso eu, um cristão, adorador de Deus, ter trevas em meu interior. O que o senhor está falando é uma heresia!”
E eu retruco: “Infelizmente, muitos de vós, ainda que pensem desta forma, estão cultivando um pedaço das trevas em vossas almas, quando usam da língua para o próprio benefício e quando disseminam o preconceito.”
Aquele que olha para um semelhante, um irmão seu em Deus, com superioridade, está atravancando a evolução do Todo, que é a Criação do Pai.
Assim começam, sempre, os grandes problemas que hoje assolam o plano material.
Se você enxerga um Exu trabalhador como eu e se apavora, tenha certeza, você trabalhou muito, mesmo que inconscientemente, para a construção desse arquétipo.
Quando deparar-se comigo, seja no cemitério, num trabalho de Umbanda ou Quimbanda, ou, até mesmo, nas trevas, estará olhando para o seu interior.
Não tenha medo do meu corpo esquelético. Por que posso ser seu amigo e auxiliá-lo a subir, a galgar novos degraus na sua escala evolutiva. Mas também posso ser aquele que aplicará a Lei de Deus, deixando-o nas trevas até que você reforme-se internamente e consciencialmente.
Só dependerá de você, tenha certeza!
Por isso, encerro esta mensagem suplicando a todos os humanos encarnados que joguem o preconceito para baixo dos seus pés, pra bem fundo, para que ele caia onde deve ficar, nos domínios da ignorância. E que olhe para o Alto, eleve o pensamento ao Pai e se comprometa em contribuir na constante evolução da Criação.
Deixe o amor fluir. Então, olhará para mim e verá um amigo, um irmão que quer ajudá-lo a trilhar seu caminho sem percalços.
Venha! E, se precisar, apóie-se no meu cetro. Ele estará sempre á sua disposição, desde que queira ser mais um filho de Deus atuando dentro e em prol da Lei D’Ele.
Eu sou Exu Caveira!
Mensagem Recebida por André Cozta - Rio de Janeiro- 25 de maio de 2012- 01:13h