quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

EXU MIRIM BRAZINHA

EXU MIRIM BRAZINHA – por Eduardo de Oxossi

O Brazinha com o qual tive o privilégio de ser meu guia e mentor na linha de Exu Mirim me permitiu dizer que em vida foi uma criança muito travessa que adorava brincar com fogo. Tudo que envolvesse braza lhe atraia: cigarros, lareira, tochas, etc. Teve bons pais, uma boa educação, morou em uma casa grande, sempre rodeado de serviçais, comeu e bebeu do bom e do melhor. Suas travessuras sempre desagradavam seus pais e muitas vezes humilhavam os escravos e funcionários da fazenda onde morou. As coisas erradas que fez não pôde justificar como “falta de educação ou criação de pai e mãe”. Desde que fumou o primeiro cigarro, sabia que aquilo não era para crianças, mesmo assim o fez!

Agitado por natureza, odiava ouvir sermões ou conversas chatas, prolixas e repetitivas. Certa vez, quando todos dormiam, ele foi brincar com fogo e acabou incendiando a casa e a fazenda. Pelo fato da casa ser localizada em um canavial e a senzala viver trancada pelo seu pai durante a noite, ele acabou matando a todos que ali residiam, inclusive a si mesmo e a seus pais.

Ao chegar no plano espiritual, sem entender o que aconteceu, vagou com seus familiares e serviçais até receberem o devido direcionamento.  Quando ganhou permissão para prestar a caridade e corrigir os erros daquela e de outras vidas, veio nesta geração na linha de Exu Mirim Brazinha.


Por morar a sua curta vida em um canavial e por gostar muito de fogo sua força vem de Yansã (“Dona do Fogo, do Corisco e do Trovão”) e de Xangô (Fogo, Trovão). Por ter vivido uma vida farta aprecia doces como goiabada, mel, caldo de cana, melado, canela, etc. Fuma cigarro e sua vela é a bicolor branca e vermelha e a bicolor vermelha e amarela. Entre os trabalhos voltados à caridade destacam-se trabalhos de abertura de caminhos, fartura, transformação (pois assim como o fogo transforma as coisas, ele usa esta energia como mistério de atuação), acalmar crianças levadas, recuperar crianças e adolescentes desviados e/ou que dão as costas ao ensinamento dos seus pais e /ou que assim como ele não gostam de ouvir sermões, livrar pessoas que são humilhadas por lideranças, pessoas e/ou empresas que prestam serviço, trabalhos ligados a relações mais justas, afastamento de amizades de má índole, equilíbrio e mudanças de pensamentos. 

EXU MIRIM ESTRADINHA

EXU MIRIM ESTRADINHA – Por Fabiana de Yemanjá

Embora no terreiro que eu atue não atuemos com a linha de Exu Mirim em passe, eles são respeitados e cuidados como qualquer outro guia, todavia, cuidar do guia é a responsabilidade do médium, desta forma, uns cuidam mais e outros menos, mas não é isso que queremos discutir neste texto. O “Estradinha”, exu mirim que atua comigo me permitiu contar que ele é um espirito desencarnado no qual em vida foi rejeitado pelos pais, esta situação fazia com que passasse fome e sofresse por violência dentro de sua própria casa.

Em dado momento exposto a estas situações, não aguentando mais, optou por sair de casa sem saber para onde iria. Pôs-se a caminhar pelas estradas de terra do local onde morava até que conheceu o perigo das ruas. Conheceu o que era o errado e fez parte do errado para poder sobreviver. A exposição a este outro tipo de vida e violência, só que desta vez por escolha de suas atitudes ocasionou a sua morte. Como foi exatamente que ele morreu ele não deu permissão de falar, até por que, não gosta de falar desta parte. Deseja cumprir sua missão e reparar o que precisa ser reparado.

Depois de um tempo desencarnado ganhando atendimento necessário no plano espiritual teve a sua evolução o que resultou na permissão de vir trabalhar na linha dos exus, porém, na hierarquia “Exu Mirim”. Seu nome “Exu Mirim Estradinha” está associado às estradas que ele percorreu, associado à terra onde ele viveu, associado ao ponto de força que tem grande atuação espiritual ligado à Obá (Orixá da Terra), Abaluaê (Por perambular pelas ruas, passar fome e conviver com as próprias doenças) e a Ogum (Estradas e Caminhos).

Entre a ajuda que presta em seus trabalhos, destaca-se a intervenção contra violência em geral, porém com grande ênfase contra violência dirigida à crianças e famílias. Ajuda pessoas com problema de vícios e abrindo os caminhos de pessoas que estão andando, andando e parecem estar no mesmo lugar.

Aprecia como bebida o marafo (pinga) com mel. Sua comida preferida é o Cará cozido com pimenta, fuma cigarro e sua vela é a bicolor vermelha com preta. Laroyê Estradinha! Percorra os nossos lares anulando violência, fome e as traças espirituais que corrompem os lares.

MAGIA DE TRANCA RUA DAS ALMAS PARA QUEBRAR DEMANDA

Nas religiões espíritas acreditamos que as contingências a nossa volta são movimentadas por energias (tanto positivas quanto negativas). Estas energias influenciam de certa forma sobre o nosso comportamento, personalidade, hábitos, desejos, motivações, estado de humor e sentimentos de modo geral. Esta energia pode ser atraída como sub produto do seu comportamento e/ou como sub produto do comportamento alheio. Podem ser atraídas e demandadas inocentemente (sem intenção) ou intencionalmente. Independente de ser ao acaso ou merecido, a religião espírita auxilia o consultente, os filhos e as pessoas a atuar com este cenário. 

No Kardecismo, por exemplo, as pessoas são geralmente cuidadas com passes e orações. Na Umbanda, além dos passes e orações é comum encontrarmos o uso de velas, banhos, entregas, defumações e semelhantes. No Candomblé o acumulo destas energias do nascimento à morte resultam em “Odús” (singelamente traduzido como “caminhos”), diz-se que as energias atrapalham a vida de uma pessoa quando este Odú está negativado, além de intervenções encontradas no Kardecismo e na Umbanda é comum e frequente encontrarmos o jogos de búzios, o manejo de Ebós (rituais de descarrego e manejo de energias) e entregas (podendo ou não envolver o corte de animais) com objetivo de reorganizar estas energias.



A magia que passaremos à seguir foi concedida pelo Senhor Tranca Rua das Almas em sua atuação Umbandista. Lembrando que cada casa tem a sua doutrina e cada guia o seu mistério e como tal merece o nosso respeito. Na dúvida, consulte um pai de santo, médium ou guia de sua confiança. 

Antes de começarmos o ensinamento da magia gostaria de chamar a atenção do leitor para um ponto cantado por Ogãs em casas de Umbanda que é mais ou menos assim: “Mandaram macumba na encruzilhada para me derrubar, mas não adianta, não adianta eu também sou de lá! O meu pai é Ogum, o meu pai é Ogum e minha mãe é Yemanjá...ele vai me ajudar, vai vai! Ele vai me ajudar, vai vai!”

Esta magia vem pela linha de Tranca Rua das Almas, Maria Padilha das Almas e Ogum. 

Ingredientes:

- 3 Velas Vermelhas
- 1 Vela Preta
- 2 Velas Brancas
- 1 Vela Bicolor Preta e Vermelha
- 2 Espadas de São Jorge (Ogum)
- 1 Garfo de ferro para Exu e 1 Garfo de ferro para Pomba Gira
- 1 Galho de Arruda
- 1 Copo de Pinga e 1 Copo de Champanhe Rosé
- 1 Olho de boi
- Pemba Preta

Fundamentos:

As velas vermelhas trazem a energia de Ogum, pois este é o Orixá de Batalha, da Guerra, da Lei, da Ordem. Inclusive há um ponto de Umbanda que se canta assim: “Senhor Ogum é meu pai, senhor Ogum é pai meu... Senhor Ogum é meu pai, senhor Ogum é pai meu...Abaixo de deus é Ogum, acima dele é só deus!”. Nesta magia senhor Ogum vem de ronda para quebrar a demanda e defendê-lo de trabalhos, de feitiçarias e de demanda injusta que não faz parte da sua missão. Vem defendê-lo de filhos de santo que vestem branco e sujam um templo e o sagrado nome dos orixás para fazer o mau.
A vela preta traz a força de Exu, do Umbral, da esquerda, do escuro, do vazio. Pois se houver alguma maldade latente ou encoberta pela carne ou pelos mercenários desviados do plano espiritual (zombeteiros) a força de Exu, das esquerdas vem atuar.



As velas brancas trazem a força das almas, pois esta é uma magia no ponto de força de Tranca Rua e Maria Padilha das Almas. A vela bicolor é a assinatura de Tranca Ruas, pois ele está dizendo que ao demandar para você estão demandando para ele. Há um ponto cantado que se diz “É Laroye é Laroye é Mojubá! Ele é o tatá dando a sua gargalhada quem tem fé em Tranca Ruas é só pedir que ele dá”! Este Exu não gosta de falsidade, desonestidade e de inimigos que jogam pelas costas, então ele faz questão de defender pessoas nestas condições.

Os garfos e as espadas de Ogum trazem a força de Exu e Ogum (Ferro, espada, garfo, etc) com instrumento de batalha. O olho de boi serve como para raio para que a energia demandada vá para este instrumento e não para vida da vítima. Os marafos servem como o que o candomblé chamaria de “sangue”, traz o axé. A arruda, comumente conhecida como erva de Exu, erva de descarrego vem para sugar a energia negativa do ambiente. Por fim a pemba preta vem para celar, para abrir e delimitar um portal magístico deste trabalho.  

Modo de Preparo:



No chão em um local que não represente perigo doméstico (incêndio, crianças, etc). Com a pemba preta faça um círculo e no centro dele desenhe dois garfos cruzados, sendo um de Exu – ponta angulosa meio quadrada em formato “ -]--- ” e um de pomba gira – ponta oval em formato “ -)--- ”. Por cima do desenho do garfo coloque as espadas de Ogum e por cima delas os garfos de ferro dos Exus. Na ponta dos garfos escreva o seu pedido de forma direta: “Quebre e devolva toda demanda negativa mandada para mim”. Ao lado das espadas coloque o copo de pinga e do outro o copo de champanhe. Você pode desenhar os garfos para cima ou para baixo, o importante é que as 3 velas vermelhas fiquem no pé deles. A vela preta no centro junto com o olho de boi e a frente deles a arruda, as 2 velas brancas e a vela bicolor.


Peça ao senhor Tranca Rua das Almas que tranque qualquer trabalho demandado e tranque a mão de pessoas má intencionadas, que devolva a demanda e leve todos os quiumbas e zombeteiros para seu lugar de merecimento. Depois que as velas queimarem, entregue todo resto do trabalho na porta de um cemitério, cruzeiro ou de uma igreja.