Eu e meu marido discutimos feio...
Havíamos alugado uma casa em frente ao cemitério provisoriamente...
Porque a dele está em reforma, enfim...
Ai viemos pela rua discutindo e chegamos em casa...
Eu entrei, e ele em vez de entrar foi embora pra casa dele...
Me deixoando ali sozinha...
Fui até o portão ver pq ele demorava a entrar...
Mas o carro já não estava mais ali...
Subitamente depatei com um homem careca, sem alguns dentes...
Ele estava sem camisa, de calça preta, e descalço...
Parecia ser morador de rua, mas não estava sujo...
Eu estava muito triste e comecei a chorar...
E perguntei a ele para onde o carro tinha ido?
Ele me respondeu:
"Ele foi embora pra casa moça"
Com raiva quebrei o casco de cerveja que estava na minha mão...
Com isso acabei fazendo um corte bem fundo na mão...
Eu chorava muito de raiva, e aquele homem veio e me abraçou...
Pediu para que eu não chorasse por causa de homem...
Falou que eu era uma moça muito bonita...
E tinha capacidade pra ter tudo do bom e do melhor...
E eu sem entender nada só chorava...
Ele pegou minha mão ainda com muito sangue e lambeu...
Eu fiquei em estado de choque...
E nisso ele falou:
"Vc sabe com quem está falando"?
Respondi que não, e nisso ele disse:
"Eu sou exu caveira"!
Ainda falou que uma moça com uma pomba gira como a minha não devia chorar...
E ali por perto Maria Padilha da Figueira a gargalhar...
Na hora eu não tive resposta, fiquei sem reação...
Estávamos no portão só eu e ele...
A luz da rua apagou, fomos envolvidos pela escuridão...
Me preocupei pois o lugar aqui é perigoso...
E do outro lado da calçada é o portão tô cemitério...
Ele me consolava a todo tempo e perguntou:
O que a moça quer?
Pra parar de chorar...
Não precisa me dar nada pq seu sangue eu já tenho...
Ele estava coberto com o meu sangue...
Eu respondi que não queria nada...
Só viver bem com o meu marido sem brigas...
E entrei pra dentro de casa...
Fiquei aqui pensando...
Será que foi ele mesmo, ou era só um mendigo louco?
Será que foi de fato uma revelação para mim?
Saravá Fraterno?
Pai Jonathas de Ogum.'
Nenhum comentário:
Postar um comentário