Exu era o irmão mais novo de Ogum, Oxóssi e outros orixás. Vivia armando encrencas e criando tanta confusão que um dia o rei já não suportando tantas reclamações sobre sua malfazeja índole irrequieta, resolveu castigá-lo com severidade. Para impedir que fosse aprisionado, os irmãos o aconselharam a deixar o país. Mas enquanto Exu estava escondido no exílio, seus irmãos continuavam a receber festas, agrados e louvações. Exu não era mais lembrado, ninguém tinha notícias de seu paradeiro e aos poucos ninguém mais falava dele. Então, usando mil disfarces, Exu visitava seu país, rondando, nos dias de festa, as portas dos velhos santuários.
Como não havia quem o reconhecesse assim disfarçado, nenhum alimento lhe era ofertado. Tomado pelo ódio vingou-se semeando sobre o reino toda a sorte de desassossego, tristeza, desgraça e confusão. Assustado com tantos infortúnios o rei decidiu proibir todas as atividades religiosas, até que descobrissem as causas desses males. Com tantos acontecimentos inexplicáveis os babalorixás reuniram-se em comitiva e foram consultar um babalaô que residia nas portas da cidade. O adivinho jogou os búzios e Exu foi quem respondeu no jogo. Disse nos odus que tinha sido esquecido por todos e que estava muito deprimido por isso. Que exigia receber sacrifícios antes do demais e que fossem para ele os primeiros cânticos cerimoniais. O babalaô jogou novamente os búzios e disse que oferecessem um bode e sete galos a Exu.
Os babalorixás riram do babalaô, não deram a menor importância às suas recomendações e ficaram por ali sentados, cantando e rindo dele. Quando quiseram levantar-se para ir embora, estavam grudados nas cadeiras, quanto mais tentavam levantar, mais colados ficavam.. Sim era mais uma das ofensas de Exu!
O babalaô então pôs a mão no ombro de cada um e, chamando por Exu, conseguiu que todos se levantassem livremente. Disse a eles que fizessem como fazia ele próprio: que o primeiro sacrifício fosse para acalmar Exu. Assim convencidos, foi o que fizeram os pais e mães-de-santo, naquele dia e sempre desde então.
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