É certo que o homem nunca temeu nem teme o Bem, e sempre respeitou, digamos, sempre teve pavor do Mal.
Com esse intróito, passaremos a esclarecer, embora em linhas gerais, alguns aspectos da Quimbanda, porque o objetivo primordial deste texto, no momento, é dirigido a, simplesmente, à Umbanda.
A palavra Quimbanda é a mesma Ki-mbanda, e está formado pela radical Mbanda, tendo sido aposto o prefixo Ki, significando: CONJUNTO OPOSTO DA LEI.
É composto de Sete Planos Opostos ou Negativos da Lei, geradores do equilíbrio entre o que está em cima e o que está embaixo, ou, em sentido esotérico, “uma paralela atuante”.
Esta paralela, a Quimbanda, entrosa-se nas ações Circulares ou Envolventes do Karma-Passivo e equilibra-se com a outra “paralela atuante”, que é a Umbanda, que se manifesta nas ações Angulares do Karma-Ativo.
Estes dois planos, entrando em conexão, facultam, pelas ações experimentais, o EQUILÍBRIO na atuação entre as “paralelas karmânicas” Passiva e Ativa.
QUIMBANDA – Faz sentir sua ação no próprio Karma para cobranças das Causas e dos Efeitos já Constituídos pelas ações negativas, precipitando o Retorno e o Choque.
UMBANDA – Faz sentir sua ação no próprio Karma, precipitando as ações Positivas já constituídas ou criando condições para outras, que poderão neutralizar ou equilibrar as Causas e os Efeitos.
A Quimbanda , no meio umbandista ou mesmo em seu próprio “habitat”, é a coisa mais confusa e disparatada que se pode observar, tanto nas concepções, quanto nas práticas.
De modo geral, admitem dentro dela uma linha das Almas (?) composta de “umuluns”, espíritos que dizem ter uma forma apavorante, peludos como ursos brancos, usando cornos, etc., tendo como chefe (sic) um Santo, o S.Lázaro (qual dos 4 santos ou bispos do mesmo nome?).
Admitem ainda a Linha dos cemitérios, constituída pelas 7 Legiões dos caveiras, chefiadas por João Caveira, e afirmam que os espíritos desta Linha têm a forma de um “esqueleto humano”. (Obs.: é crença comum acreditarem ser esta Linha integrada por “almas aflitas, necessitadas, suicidas, queimadas, enforcadas, afogadas, etc.”, enquanto que a já citada Linha das Almas compõe-se de “umuluns”, que são espíritos ou almas cuja órbita ou campo de ação são os cemitérios).
Falam na Linha Nagô, cujo espíritos integrantes chamam-se “gangas” e ainda de uma Linha de Mossurubi, composta de espíritos de pretos, tais como os dos Cafres, Zulus, Hotentotes, etc.
A concepção mais arraigada está na Linha das Encruzilhadas, que dizem também “de Malei” ou de Exus.
Não podemos passar em branco a descrição que, genericamente, fazem dos Exus, os quais dizem “possuir na cabeça uma luz vermelha, como um archote, e quase todos portadores de cauda e chifres”.
Uns têm pés e pernas de bode, chifres grandes ou pequenos, outros têm forma de morcegos, de gorilas, usando capa preta de fundo vermelho e tridente arredondados.
Nesta altura, temos que dissertar um pouco à margem, mas os assuntos são conexos.
Obedecendo à descrição retro, vemos que existe uma variedade de estátuas de Exus: A, B, C, D etc. , à venda nas vitrinas e (que absurdo!) preceituadas em grande número de “terreiros de Umbanda”, É deprimente ver como a ignorância gera o fanatismo, irmão gêmeo do fetichismo.
Causa espécie vermos milhares de criaturas, em pleno século XX, venerem estátuas esquisitas, modeladas segundo as descrições citadas e apoiadas por “videntes” que, na maioria, devem ter confundido “larvas” diversas com os ditos elementais, vítimas, talvez, de seus próprios estados mentais ou alucinatórios, criando, assim, um conceito comum sobre Exus, quando o qualificam de “o homem de capa preta, o malvado, o homem da meia-noite, o compadre, etc.”, pensando mesmo que eles sejam semelhantes à figuração mitológica do Diabo, com tridente, cornos e pés de pode.
Em confirmação disso vemos o fato de estarem essas estatuetas colocadas em cercado de madeira, à entrada dos terreiros, cercadas de “iguarias e marafa”, e que eles denominam “casa do ‘seu’ Exu”.
Discordamos quase “in totum” destas teorias e práticas.
Sabemos não expressarem a realidade.
É possível que certos espíritos, na fase de elementares, possam apresentar-se sob aspectos horríveis, mas sem os referidos atributos que ornam a figuração do príncipio do mal, adotada por algumas religiões.
Em realidade, os Exus, pela aparência natural de seus corpos astrais, SÃO BEM DIFERENTES. Suas emanações vibratórias são pesadas, perturbadores seus aspectos fluídicos, suas irradiações magnéticas causam sensações mórbidas e pavor.
Isto, sim, sabemos ser verdade.
São espíritos, na fase de Elementares, que, no último ciclo (3) de libertação, podem ter várias encarnações, mas continuam necessitando precipitar, cada vez mais, o próprio Karma, na ânsia de criar as ações e os efeitos que facultam a experimentação e conseqüentes conhecimentos, imprescindíveis, ao “verdadeiro despertar consciente do Ego” …
Os Exus são tão necessários á Umbanda, como os serviçais aos patrões. Tudo na vida tem seus, veículos apropriados.
As mazelas, doenças, aflições, demandas, interesses materiais, os casos de ódio, de inveja, e mil outras coisas, que estão relacionadas mais com a mente instintiva, no mundo das sensações, são, em maioria, inerentes às vibrações “terra-a-terra”. Tem que haver um paralelo afim, entre os desejos e as vibrações, para que os elementos propiciatórios produzam as condições no plano em que estão situadas.
Os Exus não são, como muitos pensam, seres irresponsáveis quanto ao sentido que damos ao bem e ao mal.
Para eles, esse conceito faz parte de variações necessárias ao equilíbrio da Lei Karmânica.
Em verdade, os Exus são obedientes aos “Senhores do Karma”, cujo dirigente no astral superior circunscrito às vibrações magnéticas do planeta terra são os Orixás, que têm seus expoentes militando no astral inferior, ou seja, em ligação direta com o mundo da forma.
Nenhum ser encarnado ou desencarnado pode isentar-se do “movimento dirigido” da Lei, una e imutável.
Podemos usar o livre arbítrio, prerrogativa necessária à expansão evolutiva do Ego, façamos o que quisermos, temos toda a liberdade, mas nossas ações serão infalivelmente numeradas, medidas e pesadas dentro da Lei, e , para isso, elas virão como Efeitos que nos farão usar melhor deste mesmo livre arbítrio.
Sabemos existir, também na fase dos Elementares, coletividades de Espíritos Inferiores a Exu, os quais não tem nenhuma concepção quanto a Deus, Lei etc.
Não coordenados dentro das diretrizes desta Lei, mesmo sem o perceber, pela ação envolvente dos ditos Exus, que lhes facultam tantas circunstâncias quantas forem necessárias às experimentações, em conseqüências das quais a compreensão vai trazendo o discernimento que despertará pouco a pouco suas autoconsciências.
A palavra EXU, cremos, é uma corruptela ou correspondência fonética de “Yrschú”, que 55 séculos para cá vem encarnando o Princípio do Mal.
Yrschú, conforme já explicamos, foi o nome do regente que comandou o “schisma” indiano, que estremeceu o Mundo desta época, pois que serviu para destruir o Dorismo, e suas Escolas, Academias, seus sábios e sacerdotes, tendo resultado de tudo isto o ocultamento dos Conhecimentos e das Ciências que hoje nos chegam aos “pedaços”, com o nome de Ciências Ocultas, etc.
A vibração malévola da Palavra Yrschú teve, logicamente, no espaço, seus afeiçoados, que encarnaram nela os Princípios negativos, pois “assim como é embaixo, é em cima”…
Vamos agora situar a Quimbanda em seus Sete Planos Opostos, ou seja, em correspondência com as Sete Linhas da Lei de Umbanda.
Estes Planos Opostos são coordenados por Exus, e seguem as diretrizes da Numerologia da Lei da Umbanda: Seus Supervisores são:
1.º) – Exu Sete Encruzilhadas;
2.º) – Exu Pomba-Gira;
3.º) – Exu Tiriri;
4.°) – Exu Gira-Mundo;
5.°) – Exu Tranca-Ruas;
6.º) – Exu Marabô;
7.º) – Exu Pinga-Fogo;
Cada um destes Chefes coordena de cada plano mais 6 Chefes, para formar 7 chefes de Legiões. Não verificamos, aí o mesmo que na Umbanda, que começa pelo 1.º de uma Linha, que fixa sua vibração em ais 7, isto é, na Quimbanda, não há o UM, a Vibração Original. Inicia pelo 1.º de cada Legião que fixa suas vibrações em mais 7, ou então, começa pelos 7 de cada Plano, que fixam suas vibrações e 7 x 7, ou 49.
Vamos discriminar os nomes dos Chefes de Legiões da Quimbanda e as respectivas ligações destes na Umbanda.
1.º) EXU SETE ENCRUZILHADAS – Correspondência com a VIBRAÇÃO DE ORIXALÁ. Este Exu supervisiona 7 Chefes de Legiões, que seguem as suas tendências ou ações afins dentro das circunstâncias ou do seu Ciclo, e é o intermediário direto entre este Plano e a Linha ou Vibração de Orixalá (ou Oxalá), e que além desta prerrogativa, ainda é o “elemento de ligação e serventia” do Caboclo Urubatão, Chefe de Legião da Lei de Umbanda e Orixalá da 1.º Vibração não incorporante.
Regra geral e importante, extensiva a todos os demais “elementos de ligação e serventia” entre a Umbanda e a Quimbanda: compreenda-se que assim como o Caboclo Urubatão dá o seu nome, por afinidade ou por ordenação, a tantos expoentes militantes (prepostos) quantos se fizerem necessários dentro da expansão do “1 mais 7” , a mesma situação acontece com o Exu Sete Encruzilhadas, que faz tantos Exus com seu nome, para “elementos de ligação e serventia” , quantos forem necessários aos Caboclos com o nome de Urubatão.
Os demais Chefes de Legiões, que fazem correspondência de “ligação e serventia” com os 6 restantes Orixás Chefes de Legiões, são:
1.º) – Exu Sete Encruzilhadas, com o Caboclo Urubatão;
2.°) – Exu 7 Pembas, com o Caboclo Ubiratan;
3.º) – Exu 7 Poeiras, com o Caboclo Guaracy;
4.º) – Exu 7 Chaves, com o Caboclo Aymoré;
5.º) – Exu 7 Capas, com o Caboclo Tupy;
6.°) – Exu 7 Cruzes, com o Caboclo Guaranya.
2.°) EXU POMBA-GIRA – Correspondência com a VIBRAÇÃO DE YEMANJÁ:
Este Exu atua dentro das características anteriores, e além de ser o intermediário do plano para Linha, é o “elemento de ligação e serventia” da Cabocla Yara. Temos então:
1.º) – Exu Pomba-Gira, em ligação com a Cabocla Yara.;
2.º) – Exu do Mar, em ligação com a Cabocla Oxum;
3.°) – Exu Maré, em ligação com a Cabocla Inhaça;
4.º) – Exu Má-Cangira, em ligação com a Cabocla Sereia do Mar;
5.º) – Exu Carangola, em ligação com a Cabocla Estrela do Mar;
6.º) – Exu Gererê, em ligação com a Cabocla Nanã Burucum;
7.º) – Exu Nanguê, em ligação com a Cabocla Indaiá.
Obs.: Estas Caboclas são as 7 Chefes de Legiões da Lei de Umbanda, Orixás de 1.ª Vibração ou Grau, não incorporantes.
3.º) EXU TIRIRI – Correspondência com a VIBRAÇÃO DE YORI:
Este Exu atua das características anteriores e além de ser o intermediário do Plano para Linha, é o “elemento de ligação e serventia” de Tupãzinho.
Temos então as seguintes ligações:
1.º) – Exu Tiriri, para Tupãzinho;
2.º) – Exu Mirim, para Yariri;
3.º) – Exu Toquinho, para Ori;
4.º) – Exu Ganga, para Yari;
5.º) – Exu Lalu, para Doum;
6.º) – Exu Veludinho da Meia-Noite, para cosme;
7.º) – Exu Maguinho, para Damião.
4.º) EXU GIRA-MUNDO – Correspondência com a VIBRAÇÃO DE XAMGÔ.
Este Exu atua dentro das características anteriores e além de ser intermediário do Plano para Linha, é o “elemento de ligação e serventia” de XANGÔ-KAÔ.
Temos a seguir as suas ligações:
1.º) – Exu Gira-Mundo, para Xangô- Kaô;
2.º) – Exu Pedreira, para Xangô Agodô;
3.º) – Exu Corcunda, para Xangô 7 Montanhas;
4.º) – Exu Ventania, para Xangô 7 Pedreiras;
5.º) – Exu Meia-Noite, para Xangô da Pedra Preta;
6.º) – Exu Mangueira, para Xangô da Pedra Branca;
7.º) – Exu Calunga, para Xangô 7 Cachoeiras.
5.º) EXU TRANCA-RUAS – Correspondência com a VIBRAÇÃO DE OGUM.
Este Exu atua dentro das características, anteriores e além de ser o intermediário do Plano para Linha, é o “elemento de ligação e serventia” de Ogum de Lei.
Temos a seguir as suas ligações:
1.º) – Exu Tranca-Ruas, para Ogum deLei;
2.º) – Exu Tranca-Gira, para Ogum Yara;
3.º) – Exu Tira-Toco, para Ogum Beira-Mar;
4.º) – Exu Tira-Teimas, para Ogum Matinata;
5.º) – Exu Limpa-Trilhos, para Ogum Megê;
6.º) – Exu Veludo, para Ogum Rompe-Mato;
7.º) – Exu Porteira, para Ogum de Male.
6.º) EXU MARABÔ – Correspondência com a VIBRAÇÃO DE OXOSSI.
Este Exu atua dentro das características anteriores e além de ser o intermediário do Plano para Linha é o “elemento de ligação e serventia” do Caboclo Arranca-Toco.
Temos a seguir as suas ligações:
1.º) – Exu Marabô, para o Caboclo Arranca-Toco;
2.º) – Exu das Matas, para o Caboclo Pena Branca;
3.º) – Exu Campina, para o Caboclo Arruda;
4.º) – Exu Capa Preta, para o Caboclo Cobra Coral;
5.º) – Exu Pemba, para o Caboclo Araribóia;
6.º) – Exu Lonan, para o Caboclo Guiné;
7.º) – Exu Bauru, para a Cabocla Jurema.
7.º) EXU PINGA-FOGO – Correspondência para a VIBRAÇÃO DE YORIMÁ.
Este Exu atua dentro das características anteriores e além de ser o intermediário do Plano para a Linha é o “elemento de ligação e serventia” do pai Guiné.
Temos a seguir, as seguintes ligações:
1.º) – Exu Pinga-Fogo, para o Pai Guiné;
2.º) – Exu Brasa, para o Pai Arruda;
3.º) – Exu Come-Fogo, para o Pai Tomé;
4.º) – Exu Alebá, para o Pai Benedito;
5.º) – Exu Bara, para o Pai Joaquim;
6.º) – Exu Lodo, para o Pai Congo de Aruanda;
7.º) – Exu Caveira, para Maria Conga.
Observação Final:
Qualquer um destes Exus citados, se chamado a uma positiva identificação pelos Sinais Riscados da Lei de Pemba, pela FUNÇÃO e LIGAÇÃO que aqui estamos dando, por certo que farão, por intermediário dos sinais de FECHA-CHAVE e RAIZ, inerentes ao seu plano, no qual caracterizará ainda as suas ligações com os Orixás, Guias, e Protetores, dentro da harmonia soa 3 Planos e dos 7 Graus conjugados da Lei de Umbanda.
Os Exus entram em expansão, ou melhor, em contato influente, 3 Sub-planos, “terra a terra”:
No 1.º) , estão eles mesmos, isto é, todos os Espíritos que se situam na qualidade de Exus, no 3.º Ciclo dos Espíritos Elementares, mas na última fase de ascensão ou libertação.
No 2.º , vêm os Espíritos mais atrasados que se conhecem pelo qualificativo de Omulus, que são no 2.º Ciclo da Fase de Elementares.
No 3.º , colocam-se os Espíritos mais rudimentares ainda, que são classificados como Pagões ou “Rabos de Encruza”, e que estão situados no 1.º Ciclo da Fase de Elementares.
Em síntese: todos são Espíritos Elementares, em vários estágios de evolução, pois que o mistérios dos TRÊS realiza-se em TRÊS Mundos, ou Planos, ou seja, o “Triangulo de cima reflete-se no Triangulo de baixo…
Os Exus como dissemos, são os principais intermediários entre a Quimbanda e a Lei de Umbanda.
Trabalham invariavelmente dentro da Magia, embora elementar, tendo sempre, como ponto de fixação, as oferendas dessa ou daquela forma e sabem usar da Lei de Pemba, no âmbito que lhes é próprio, sendo conhecedores dos sinais riscados inerente aos seus círculos e todos se identificam pelas chaves características de Flecha-Chave e Raiz.
Texto Completo No Livro – Umbanda de Todos Nós – Mestre Yapacani.
Fonte: http://tuccaboclobeiramar.com.br/