Procedimentos[editar | editar código-fonte]
Tem início obrigatoriamente com o padê de Exu, do qual muitas vezes se dá uma interpretação falsa, particularmente nos candomblés banto: Dizem que Exu poderá perturbar a cerimônia se não for homenageado antes dos outros Orixás, como aliás ele mesmo reclamou.[2]
Para que não haja rixas, invasões da polícia (nas épocas em que havia perseguições contra os candomblés,"Estado Novo"), é preciso pedir-lhe que se afaste; daí o termo de despacho, empregado algumas vezes em lugar de padê, despachar (significando mandar alguém embora).
Exu é, na verdade, o Mercúrio africano, o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural - o Aiye com o Orum - intérprete que conhece ao mesmo tempo a língua dos mortais e a dos Orixá. É pois ele o encarregado - e o padê não tem outra finalidade - de levar aos Orixás da África o chamamento de seus filhos do Brasil.
O padê é celebrado pela Iyamorô que é auxiliada por duas das filhas-de-santo mais antigas da casa, a dagã e a sidagã, ao som de cânticos em língua africana, cantados sob a direção da iyá têbêxê e sob o controle do babalorixá ou iyalorixá, diante de uma quartinha com água e um alguidá contendo o alimento de Exu, um outro recipiente com o alimento favorito dos ancestrais. Embora o padê se dirija antes de tudo a Exu, comporta também obrigatoriamente uma cantiga aos mortos (Essá) ou para os antepassados do candomblé, alguns dentre eles sendo mesmo designados por seus títulos sacerdotais. A quartinha, o recipiente e o alguidá serão levados para fora do barracão onde se desenrolará o conjunto de cerimônias. Sendo um dos primeiros rituais executado, tem como objetivo principal retirar o Ajé (Energias negativas) e reverenciar os ancestrais, Eguns, Egunguns, Baba Eguns, em especial as grandes mães Yamins, Oshoronga, Opaoka e Aje Shaluga. Este ritual tem como participante ativo as Yagans, Yamoros, ajemudas e Kirijebos que são cargos específicos para a proteção espiritual do terreiro.
A festa propriamente dita pode então ter início.
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