segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

cotimbó, casa de exu

Há algum tempo, eu venho tentando publicar algo sobre esta vertente que se originou no sul do país, agora recebi a permissão para divulgar sobre o Cotimbó. A arte mágica do culto aos Espíritos da Noite. Envolto a inúmeros segredos, este culto foi assimilado por um seleto grupo de Mestres que detinham o conhecimento da arte.
Cotimbó é uma alusão ao terreiro, chão, casa, local edificado somente para Exu. Porém, mesmo em se tratando de Exu, o Cotimbó não é Kimbanda. Inclusive no conceito de seus Mestres, não poderia jamais se denominar Kimbanda, um culto essencialmente brasileiro.
Com a morte do último patriarca, Pai Juarez de Exu Caveira, seu filho, Pai Carlos de Exu Mor (Bruxo do Milênio), iniciou uma homenagem a sua raiz, escrevendo um livro que será lançado ainda este ano, de título COTIMBÓ – CASA DE EXU. Eu pude ler alguns escritos originais, antes mesmo de ir para a diagramação, mas só agora recebi autorização para divulgá-lo.


fonte autor rafael silveira


Inicialmente construída de barro e coberta com palha onde as antigas descendentes bandas faziam seus cultos aos incestos. Este local era chamado de Cotimbó ou casa de exú, kiumbas, eguns e egunguns encantados; pois não havia ali nenhum outro tipo de culto a Orixás ou outro tipo de entidade que não fosse esses.
Para os umbandistas o trabalho com o Cotimbó é o mesmo que trabalhar com forças negativas ou energias negativas, forças de esquerda ou espíritos totalmente sem luz. Isto é uma afirmativa distorcida, pois toda e qualquer energia pode ser usada tanto para o bem como o mal dependendo do mestre ou da filosofia do templo (casa).
Na pratica o Cotimbó trabalha com incorporação de espíritos ex-vivos (exus, eguns, egunguns e kiumbas) invocados pelo mestre eles vem com o objetivo de ajudar (os vivos) na cura de doenças, demandas, problemas materiais e amorosos entre outros.
Na literatura relacionada ao Cotimbó não encontramos elementos de vinculo com as religiões afro-brasileiras, por tanto, classificar o Cotimbó como uma seita afro-brasileira é um erro. Pois seus mestres não se subordinam a nenhum Orixá.

O Cotimbó é pobre e rudimentar em sua história, pois a antiga mitologia indígena feiticeira e até mesmo africanista (religiosa) se perdeu na passagem de suas culturas locais para os brancos, que aceitavam seus ritos, mas não seus dogmas pagãos, daí então começam o Cotimbó concebido como magia e não como religião.
Sendo assim, vimos transpostos ao Cotimbó dogma da religião católica, associado a componentes europeus e rituais de magia que se aproximam muito dos ritos pagãos. Tanto pelos europeus como brasileiros, no uso de elementares, do reino animal e vegetal, assim como ervas, fazem parte do seu ritual. Não sendo utilizadas imagens de santos neste culto. As imagens representativas de exus não são colocadas no chão e sim em um altar próprio. Também tem seus assentamentos feitos em cabalas onde se usa pedras, ferro e o caldeirão.
O sincretismo da imagem do exu em vultos, era para servir de referencia ao ser humano, pois todos os assentamentos dos encantados ou exú são feitos em ferro associados a elementos dos reinos mineral, vegetal e animal. Os mestres do Cotimbó normalmente se especializam em um dos seus aspectos.
Portanto, o Cotimbó não é uma religião, é sim um culto aos Exus, pois estes estão em todas as doutrinas religiosas

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